O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que o objetivo é que "na próxima semana" seja possível cobrir o país com iniciativas de despistes da covid-19 em lares, mobilizando a capacidade instalada nas universidades e politécnicos "para este esforço".
Em declarações aos jornalistas no final de visitas a dois hospitais de retaguarda - um no antigo Hospital Militar de Belém e outro na cidade universitária de Lisboa - António Costa foi questionado sobre a iniciativa do Governo, noticiada hoje pelo jornal Público, de testes de despiste da covid-19 em todos os lares de idosos nos concelhos de Lisboa, Aveiro, Évora e Guarda.
"O objetivo que temos é na próxima semana podermos conseguir cobrir o país com estas iniciativas, mobilizando os laboratórios universitários e a capacidade instalada nas nossas universidades e nos nossos politécnicos para este esforço", adiantou.
De acordo com o primeiro-ministro, "há múltiplas iniciativas que estão curso", tendo sido hoje noticiada aquela que partiu do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, que "desenvolveu uma metodologia e um teste próprio e que o disponibilizou para ele poder ser utilizado".
"Aquilo que nos pareceu foi que, nas várias hipóteses que havia, valia a pena focar esta iniciativa, que só no IMM tem uma capacidade de cerca de 300 testes dias por dia - uma capacidade limitada relativamente ao universo das necessidades - e portanto tínhamos que focar essa disponibilidade. Definimos um universo específico: os lares da terceira idade", explicou.
António Costa referiu que o Governo tem vindo a conseguir articular "o IMM com outras instituições universitárias de outras regiões do país, de forma a poder multiplicar esta capacidade também a outras localidades".
"Vários municípios têm anunciado que eles próprios têm vindo a organizar a capacidade da realização de testes. O caso mais visível foi o Porto, em que o presidente da Câmara do Porto foi particularmente ativo na construção de uma iniciativa focada nos lares da cidade do Porto", referiu.
Para o primeiro-ministro, "é muito importante é que este esforço exista e seja orientado", considerando que "esta prioridade ser focada nos lares é particularmente útil".
Questionado sobre a lotação do Hospital das Forças Armadas do Porto, António Costa lembrou que este equipamento "foi utilizado para alojar um conjunto de pessoas que foram retiradas de alguns lares".
"Muitas dessas pessoas não necessitam de estar internadas em hospital e portanto o que se está a fazer é deslocá-las para outras instalações onde possam estar alojadas em condições de segurança, libertando os espaços necessários para que eles possam ser utilizados para o que se deve", explicou.
Durante a visita ao novo centro de apoio militar para o combate à pandemia de covid-19, cujas obras ainda decorrem, localizado no antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, tinha referido a António Costa que "idosos que foram transferidos, mas que não estão infetados, precisam de fazer quarentena" e está a ser procurado "um local seguro para que as camas sejam libertadas ", uma vez que o Hospital das Forças Armadas do Porto "já está neste momento saturado".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.