O primeiro-ministro de Cabo Verde disse hoje que o país está a entrar na “fase decisiva” do combate à pandemia de covid-19, apontando a necessidade de travar o contágio interno dentro do período de estado de emergência.
“É um momento decisivo. Nós vamos entrar, e já estamos nesta fase, em que temos praticamente tudo fechado, relativamente ao exterior já há algum tempo, internamente não há movimentação de pessoas interilhas. Isto é fundamental para fazer uma contingentação e estamos preparados para, no termo do período que está definido como de emergência, termos menos casos possíveis de contágio a partir de casos internos”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas, na cidade da Praia, à margem da visita a duas empresas de produção e armazenamento de medicamentos e consumíveis.
Numa altura em que Cabo Verde entra no segundo de 20 dias de estado de emergência, Ulisses Correia e Silva recordou que os países que “foram mais agressivos” nas medidas de prevenção, como a limitação de entradas e de movimento de pessoas, conseguiram “melhores resultados”.
“É isso que estamos a fazer”, apontou.
Cabo Verde regista seis casos da covid-19, nas ilhas da Boa Vista e de Santiago (Praia), e um óbito. Em cada uma das ilhas há um caso de transmissão local da doença.
Sobre o atual estado de emergência, afirma que Cabo Verde tem pela frente “um único combate, uma única frente: combater e vencer esta crise, que é global”.
“As instituições funcionam, os órgãos de soberania funcionam, com limitações impostas como ao comum dos cidadãos”, reconheceu.
Para travar a progressão da pandemia, o Presidente da República declarou, desde as 00:00 de 29 de março e até 17 de abril o estado de emergência em Cabo Verde, suspendendo vários direitos, como a liberdade de movimento, o encerramento de empresas ou a possibilidade de requisições civis.
Durante pelo menos 20 dias, e de forma geral, os cidadãos passam a ter de observar o “dever de recolhimento domiciliário”, conforme prevê o decreto-lei aprovado pelo Governo e que regulamenta o estado de emergência. Entre outras medidas, só podem circular em espaços e vias públicas para aquisição de bens e serviços, deslocação para efeitos de desempenho de atividades profissionais ou equiparadas quando devidamente autorizadas, por motivos de saúde, para assistência de pessoas vulneráveis, entre outros.
Ulisses Correia e Silva visitou durante a manhã as instalações da empresa pública Emprofac, para avaliar o abastecimento de materiais e equipamentos de proteção individual e de medicamentos, bem como os laboratórios da Inpharma, que está a produzir desinfetante álcool gel para abastecer o mercado nacional.
“Constatámos que, na Inpharma, estamos a fazer produção local. Quer dizer, o país está a produzir gel desinfetante em quantidade suficiente e necessária para este período, tendo em conta que há muita, muita procura. Mas quero ressaltar esta vertente de produção interna, desde o produto em si, mas também a embalagem, o rótulo, envolvendo algumas indústrias”, sublinhou.
“A segunda constatação é que nós estamos bem abastecidos e preparados para as contingências. Evidentemente não há elemento de controlo de todas as variáveis, mas relativamente aos medicamentos, equipamentos de proteção individual, há stock suficiente para acomodar a situação atual”, disse ainda.
Ulisses Correia e Silva recordou que esta crise apresenta variáveis que “se alteram de um momento para o outro”: “Está a acontecer nos vários países do mundo, daí que temos de estar em condições também de adaptar permanentemente e dar as respostas para assegurar que não falte nem equipamentos, medicamentos ou aquilo que são os essenciais em termos de consumíveis para este período”.
O número de mortes peça covid-19 em África subiu para 148, com os casos acumulados a aproximarem-se dos 5.000 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.