O Bloco de Esquerda considerou hoje estranho o debate sobre a possibilidade de um governo de salvação nacional, lembrando que o executivo tem “a sua legitimidade intocada” e defendendo que a prioridade neste momento é “responder ao país”.
De acordo com o líder parlamentar do partido, Pedro Filipe Soares, os bloquistas estão “concentrados em responder ao país neste momento de urgência” provocado pela pandemia de covid-19.
“E, por isso, tendo tido eleições há pouco tempo e estando um Governo em funções, com a sua legitimidade intocada, nós entendemos que o que é prioritário para nós é apresentarmos as nossas propostas, para ajudar a responder ao país neste momento de uma crise profunda do ponto de vista de saúde, que se está a alastrar também à economia e, com isso, a trazer problemas sociais”, vincou.
Apontando que a prioridade “é essa” e “não outra”, o líder parlamentar do BE considerou que “qualquer outro debate parece estranho neste momento de urgência e face aos debates e às propostas” que estão “em cima da mesa”.
“Essas sim são a nossa obrigação, pelo menos é esse o entendimento do Bloco de Esquerda”, rematou.
Numa conferência de imprensa que decorreu por videochamada, Pedro Filipe Soares foi questionado sobre as declarações do presidente do PSD, que considerou que, quando a questão da recuperação económica se tornar a prioridade, com a melhoria da situação de saúde, vai ter de se debater a composição de um Governo de salvação nacional.
"Quando vier a economia para o primeiro lugar, então estou convencido de que a sociedade portuguesa vai ter de debater efetivamente a composição de um Governo de salvação nacional. O Governo que vier - pode ser o mesmo, como é lógico - vai ser sempre de salvação nacional", declarou Rui Rio em entrevista à RTP no domingo.
No entanto, de acordo com o líder social-democrata, "neste momento a prioridade não é pensar sobre isto", porque se coloca "a parte sanitária em primeiro lugar".
Também questionado sobre o assunto, o primeiro-ministro disse hoje que já há um sentimento de salvação e unidade nacional e que o país não deve consumir-se em discussões sobre formas políticas após o fim da crise com a pandemia de covid-19.
"Acho que neste momento nada justifica a alteração das coisas. As coisas têm estado a correr muitíssimo bem", começou por sustentar António Costa, alegando que não ouviu a entrevista e que não faz “futurologia política”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.