A transferência dos idosos que vivem numa residência sénior da Maia, onde ocorreram duas mortes devido à covid-19, começou esta noite, numa operação em articulação entre a direção da instituição e a câmara local.
Ao todo, serão 58 os idosos da residência sénior que pertence à instituição O Amanhecer da Criança, localizada em Pedrouços, no concelho da Maia, que vão ser transferidos para uma unidade hoteleira, conforme anunciou esta tarde a câmara da Maia em comunicado.
Já em declarações aos jornalistas à porta da instituição, cerca das 20:30, o presidente da instituição, José Manuel Correia, fez um ponto de situação sobre o número de infetados no lar, número que subiu para 25 utentes após conhecidos resultados de testes feitos esta semana.
Somam-se 10 funcionários infetados pelo novo coronavírus que permanecem em casa.
José Manuel Correia acrescentou que aguarda o resultado de testes realizados a 30 utentes e que quatro idosos que foram, por decisão da direção do lar, encaminhados ao Hospital de São João, no Porto.
Cerca de 50 testes realizados a utentes e funcionários revelaram negativo num lar que registou, até agora, duas mortes, uma no domingo (um homem de 91 anos) e outra na quarta-feira (uma mulher de 90), devido à pandemia covid-19.
"Amanhã [sábado] às 08:00, entra uma equipa especializada de desinfeção na residência e no domingo todos podem regressar", disse José Manuel Correia, deixando um agradecimento à autarquia local e um elogio à "equipa extraordinária" do lar que, acrescentou, "está há cinco dias sem ir a casa".
A operação de evacuação do lar está a ser coordenada pelo Serviço Municipal de Proteção Civil da Maia, distrito do Porto, com o apoio da Polícia de Trânsito que cortou algumas artérias à volta da instituição.
Idosos e funcionários estão a ser levados em carrinhas e autocarros para uma unidade hoteleira, sendo os custos da operação e da estadia assegurados pela Câmara da Maia, conforme anunciou esta tarde o presidente, António Silva Tiago.
De acordo com a Câmara da Maia, na unidade hoteleira os utentes serão mantidos isolados em quartos individuais e acompanhados por pessoal e corpo clínico da instituição, sendo que todos aqueles que tenham testado positivo, ou que estão a aguardar resultado, ficarão num piso inferior da unidade hoteleira.
"Lamento profundamente a duplicidade de critérios, já que em Vila Nova de Famalicão e Vila Real [referindo-se a outros casos de lares que têm registado alto risco de contágio covid-19] toda essa operação foi assumida pela administração central. A indecisão atrasou a operação que a Câmara Municipal vai agora realizar", referiu António Silva Tiago.
Também de acordo com a autarquia, na unidade hoteleira os utentes serão mantidos isolados em quartos individuais e acompanhados por pessoal e corpo clínico da instituição, sendo que todos aqueles que tenham testado positivo, ou que estão a aguardar resultado, ficarão num piso inferior da unidade hoteleira.
Já os restantes serão realojados em andares superiores, com um piso de segurança entre eles sem ocupação.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 572 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 26.500.
Dos casos de infeção, pelo menos 124.400 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.