O confinamento obrigatório em hotéis para os passageiros que aterrem nos Açores não será feito nos quartos, sendo permitida circulação pelo hotel, desde que seja cumprida uma distância de segurança, segundo o responsável pela Autoridade de Saúde Regional.
“Os hóspedes não irão ficar durante 14 dias confinados apenas e só a um quarto de dois metros quadrados. As pessoas irão ter oportunidade de tomar as suas refeições no exterior do quarto. Aqueles que optarem por se alimentar dentro do quarto também terão essa possibilidade”, revelou hoje o responsável pela Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, em conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Desde o dia 14 de março que o executivo açoriano obriga os passageiros que aterrem na região a assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a ficar em quarentena durante 14 dias.
Na quinta-feira e após articulação prévia com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, o Governo Regional determinou que esse período de confinamento obrigatório seria feito em unidades hoteleiras, “independentemente da residência” das pessoas.
Os custos do confinamento, no Hotel Marina, na ilha de São Miguel, e no Hotel do Caracol, na ilha Terceira, serão assegurados pelo executivo açoriano.
Segundo Tiago Lopes, a Autoridade de Saúde Regional enviou orientações sobre o tratamento da roupa e dos utensílios de cozinha aos hotéis e deverá publicar em breve uma circular com mais informações.
O responsável ressalvou que os hóspedes têm de cumprir algumas regras, mas garantiu que podem sair do quarto.
“Irão ter a oportunidade de sair e circular de forma ordeira e organizada, de maneira a que evitemos dentro da unidade hoteleira os aglomerados. Irão ter de permanecer com uma distância de segurança entre uns e outros para se poderem alimentar”, afirmou.
Os primeiros passageiros obrigados a permanecer 14 dias num hotel chegaram esta quinta-feira aos Açores e nem todos tinham conhecimento da medida.
“Houve alguma estranheza das pessoas que chegaram à região com o facto de terem de ser confinadas a essas unidades hoteleiras, mas depois de esclarecidos acataram essa decisão”, revelou Tiago Lopes, alegando que a PSP teve um “papel determinante em esclarecer e elucidar a importância” do confinamento.
Atualmente, só há viagens aéreas para duas ilhas nos Açores, São Miguel e Terceira, asseguradas pela TAP, sendo a deslocação inter-ilhas restringida a situações excecionais, com a aprovação da Autoridade de Saúde Regional.
Questionado sobre o número de passageiros que desembarcaram no arquipélago, desde que o confinamento passou a ser obrigatório em hotéis, Tiago Lopes disse não ter esses dados.
“Durante os próximos dias são expectáveis mais alguns voos. Iremos acompanhar os desenvolvimentos no sentido de, se houver algum constrangimento ou alguma dificuldade, adaptarmo-nos e darmos a melhor resposta”, rematou.
O confinamento obrigatório em hotéis é controlado pela PSP e até mesmo os residentes no arquipélago, incluindo aqueles que têm casa na ilha de chegada, terão de permanecer 14 dias no hotel.
A decisão foi justificada com a necessidade de facilitar o trabalho dos profissionais de saúde que acompanham pessoas em vigilância ativa (mais de 2.000 neste momento nos Açores).
“Tínhamos de arranjar aqui uma medida que permitisse a facilidade desse trabalho de vigilância ativa de todos os cidadãos potencialmente infetados”, explicou na quinta-feira o responsável da Autoridade de Saúde Regional.