O presidente da Câmara do Fundão considerou hoje "muitíssimo grave" a revogação da quarentena obrigatória para todos quantos cheguem ao território e sublinhou que esta medida "é vital" para a proteção das pessoas nesta situação de pandemia covid-19.
"Esta é uma situação muitíssimo grave e que deveria ter sido evitada. É uma desautorização às estruturas locais e, acima de tudo, ao trabalho que estava a ser feito. A ideia de tornar o isolamento numa medida de caráter obrigatório é vital porque estamos a falar da proteção das pessoas", sublinhou Paulo Fernandes.
O autarca deste concelho do distrito de Castelo Branco frisou que a decisão tomada, na terça-feira, pela delegada de Saúde da Cova da Beira no sentido de estabelecer o isolamento profilático pelo período de 14 dias para quem regressasse do estrangeiro ou de outras zonas do país foi acompanhada pelas restantes estruturas da Beira Interior porque se afigura como "uma necessidade óbvia", tendo em conta as características do território.
Paulo Fernandes destacou o facto de esta ser uma zona transfronteiriça, onde está localizada a principal fronteira terrestre do país, bem como o facto de ser "caracteristicamente" com muitos emigrantes e pessoas deslocadas.
"Temo que esta questão possa ter efeitos devastadores, que rompa com as ações que as estruturas locais estavam construir de forma regional e organizada e isso é péssimo pela desautorização que incorpora e pela péssima mensagem que transmite e pela confusão que cria", apontou.
Paulo Fernandes mantém o apelo para que todos cumpram o isolamento profilático, que é a melhor prática de combate à pandemia que se conhece.
"Naquilo que toca ao município, nós vamos continuar de forma muito sublinhada referir a importância vital de que as pessoas que chegam ao nosso território tenham, de facto, essa reserva maior nos contactos sociais e que permaneçam em confinamento", apontou.
Esta posição surge no seguimento da "atual posição da diretora-geral da Saúde, que declara que cabe às entidades locais e regionais de saúde, em função da avaliação da situação da evolução da pandemia covid-19 nos seus territórios, a cada momento, sinalizar e solicitar essa pretensão, para que, do ponto de vista nacional, sejam articuladas soluções nacionais com iguais critérios de aplicação".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.