O primeiro-ministro agradeceu hoje à indústria e aos centros de investigação o contributo para "equipar melhor" quem está "na linha da frente" do combate à covid-19 e a ajuda na criação de recursos como ventiladores para ajudar doentes.
"Estão a fazer um esforço ativo para nos ajudarem a enfrentar esta pandemia. E estão a demonstrar que ainda bem que investimos na formação e no desenvolvimento tecnológico e científico porque nestes momentos críticos essa capacidade e esse conhecimento têm múltiplas aplicações", referiu António Costa.
O chefe de Governo falava em Matosinhos, no distrito do Porto, ao lado dos ministros da Economia e do Ensino Superior, onde foi visitar o CEiiA - Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, local onde está a ser desenvolvido um protótipo de ventilador pulmonar que a equipa responsável espera ter pronto na próxima semana.
O projeto chama-se "Atena" - numa alusão à deusa grega - e está a envolver o CEiiA, a comunidade médica e a indústria.
De acordo com o presidente do CEiiA, José Rui Felizardo, o objetivo é ter 100 ventiladores prontos até ao final de abril, 400 até maio e 10.000 em seis meses.
"A importância da comunidade médica na fase de conceção e teste do produto tem de ser sublinhada, bem como o empenho da nossa equipa de trabalho. Há bastante otimismo. Estamos a trabalhar num longo turno com muita motivação", disse o responsável do CEiiA.
Antes, numa apresentação feita pelo diretor de engenharia, Tiago Rebelo, tinha sido descrito que o produto será descentralizado numa segunda fase, ou seja passará para as mãos da restante indústria portuguesa através de parceiros que se queiram associar ao centro de investigação localizado em Matosinhos, no distrito do Porto.
Tiago Rebelo contou que o modelo que está a ser desenvolvido é de baixo custo e de produção local, ou seja com materiais que existem em Portugal, sendo obrigatório que este ventilador pulmonar seja compatível com aquilo que é usado atualmente no Serviço Nacional de Saúde.
Ouvida esta explicação, António Costa, que de manhã já tinha estado no CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, em Vila Nova de Famalicão, elogiou "quem hoje converte a sua produção e projetos" para acudir às necessidades nacionais devido à pandemia covid-19.
"Seja no apoio na confeção de equipamentos de proteção individual, seja na prototipagem necessária para a produção em Portugal de ventiladores. Isto é um exemplo de como mobilizando as nossas capacidades e os nossos recursos, reaproveitando muitos componentes que já existem em Portugal ou já são fabricados na indústria nacional, podemos responder a um desafio fundamental que é reforçar as condições de proteção individual de quem está na linha da frente", referiu António Costa.
Já à margem da visita, quando questionado sobre se tem prevista a chegada de mais material de proteção individual ao país, o primeiro-ministro disse apenas que "há um fluxo constante de aquisição de material da mais diversa natureza".
Sobre ventiladores, António Costa apontou que "essa aquisição é uma batalha que a nível mundial todos travam para conseguir chegar primeiro ao fornecedor", voltando a elogiar o projeto do CEiiA e um ventilador pulmonar que está em fase de prototipagem.
"É necessário reforçar a capacidade que temos tendo em conta que para além da estrutura tradicional nos hospitais tradicionais, podemos ter de vir a recorrer aos hospitais de campanha que estão a ser montados e onde temos de multiplicar muito a disponibilidade de ventiladores", referiu António Costa.
O primeiro-ministro disse ainda, mas sem especificar valores ou datas, que "há um processo de aquisição em curso por parte do Serviço Nacional de Saúde" e "muitos [ventiladores] adquiridos ou doados que estão em viagem para chegar nas próximas horas".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.