A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) defendeu hoje que os centros de saúde devem atender as pessoas de porta fechada, sendo as consultas substituídas por “avaliações sumárias” por telefone.
“Apenas os doentes previamente contactados pelo seu médico e com situação clínica inadiável deveriam ser atendidos presencialmente”, recomenda o presidente da APMGF, Rui Nogueira, num documento sobre a pandemia da covid-19 enviado à agência Lusa.
No texto, intitulado “Pede-se rigor rapidez e radicalismo em medidas corajosas”, o médico de Coimbra sublinha que os centros de saúde “deveriam rapidamente começar a atender com a porta fechada”.
“O conhecimento da história do doente pode ajudar-nos. A possibilidade de emissão de receituário em formato digital é um recurso incrivelmente útil e todos os meios de comunicação que temos hoje à nossa disposição são ajudas preciosas”, refere.
Na sua opinião, “todas as pessoas deveriam permanecer em casa nos próximos dias ou semanas”, para ajudarem a conter a propagação do novo coronavírus.
“Ainda não temos equipamentos de proteção individual e é perigoso para nós e para os doentes assumirmos o contacto direto numa consulta presencial”, alerta Rui Nogueira.
Para o também coordenador de Internato em Medicina Geral e Familiar na Região Centro, “o contacto direto com doentes com suspeita ou já com diagnóstico de covid-19 – e ainda assim com as devidas precauções e proteções – apenas deveria ser possível nas áreas dedicadas a este atendimento”.
“Todos os outros doentes beneficiam mais e correm menos riscos se forem contactados por telefone pelo seu médico”, preconiza.
Por outro lado, os transportes públicos “deveriam circular exclusivamente para pessoas credenciadas e com justificação para trabalhos essenciais e indispensáveis”.
“Apenas se compreende a manutenção dos serviços essenciais e ainda assim com condicionamento e adaptação”, acentua o presidente da APMGF.
Ressalvando que acredita “na robustez do Serviço Nacional de Saúde e de todo o sistema de saúde”, Rui Nogueira considera “inevitável haver força política e determinação na aplicação das medidas preconizadas pelas autoridades”.
Em Portugal, devido à covid-19, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.