O consulado de Portugal em Joanesburgo tem conhecimento de 39 pessoas que querem ser repatriados ou um voo para Portugal, devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, disse hoje à Lusa o cônsul-geral.
"O número que lhe posso confirmar de pessoas a pedir repatriação são 14 e depois há umas 25 pessoas que estão em situações que nós vamos a ver como se enquadram", disse o cônsul-geral Francisco Xavier de Meireles.
O diplomata acrescentou que os pedidos chegaram na quinta-feira e “já não foram a tempo” de serem resolvidos antes do confinamento obrigatório, sublinhando que "nem todos os casos configuram situações de repatriação típica".
Entre os casos de repatriamento contam-se 13 trabalhadores de uma empresa de pesca, que chegaram a Durban, litoral do país, e uma mulher que se encontrava num navio de cruzeiro a trabalhar, que ficou retida na embarcação por não ter o passaporte a tempo para conseguir voar também antes do recolher obrigatório, que hoje entrou em vigor no país, salientou.
Os restantes 25 cidadãos portugueses encontram-se em várias zonas da província sul-africana de Gauteng, envolvente a Joanesburgo, e epicentro da propagação da covid-19 no continente africano, provocada pelo novo coronavírus, com mais de 400 casos de infeção confirmados pelas autoridades da Saúde sul-africanas.
A pandemia de covid-19 causou hoje os primeiros dois mortos no Cabo Ocidental, sudoeste da África do Sul, que ultrapassou já a barreira dos mil infetados, anunciou o ministro da Saúde.
O Presidente da República, Cyril Ramaphosa, destacou 3.000 militares da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) para impôr o confinamento de 21 dias no país, em vigor desde as 00:00 de hoje (22:00 de quinta-feira em Lisboa).
Nesse sentido, Francisco Xavier de Meireles indicou que "em princípio Portugal não vai fazer voos” para a África do Sul, mas que, a acontecer com o aval das autoridades sul-africanas, que encerraram as fronteiras por 21 dias, o repatriamento de portugueses poderá vir a ser efetuado através dos mecanismos da proteção civil da União Europeia, com voos para atender a várias centenas de turistas europeus retidos no país.
"Neste momento, a recomendação que estamos a dar a todos, turistas e não turistas, é que cumpram as normas sul-africanas de isolamento o mais possível e até ver estão as situações todas resolvidas", salientou.
O cônsul-geral disse ainda que o consulado em Joanesburgo está a funcionar com serviços mínimos, para assegurar casos de emergência e comunicações, sendo que as restantes funcionárias estão em teletrabalho.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.