O Navio Escola-Sagres encontra-se hoje a 80 milhas léguas ao largo da fronteira entre a África do Sul e a Namíbia, a caminho de Lisboa, com o comandante centrado num regresso da guarnição "com total saúde".
"A minha prioridade é levar o navio para Lisboa e com a guarnição com total saúde, como está agora, sem contágio. Esse é o meu objetivo principal", disse hoje à Lusa o comandante Maurício Fonseca, do Navio-Escola Sagres, da Marinha portuguesa, que interrompeu na Cidade do Cabo, África do Sul, a volta ao mundo que assinalava os 500 anos da viagem de Fernão Magalhães.
Os riscos de contágio provocados pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) determinaram o cancelamento da missão que se preparava para iniciar a navegação no Oceano Índico, tornando a viagem inviável.
Com muitos portos fechados e restrições ao desembarque em várias cidades, não haveria forma de ou local "para atracar e seria um risco muito grande continuar", admitiu.
O comandante do Navio-Escola Sagres, com uma guarnição de 142 militares, acrescentou que a paragem em território sul-africano serviu apenas para reabastecimento.
"Nós largamos quarta-feira da Cidade do Cabo, depois de termos reabastecido, paramos lá apenas algumas horas para reabastecer de combustível e de géneros e já estamos neste momento com dois dias de navegação de regresso a Lisboa. O vento está a ajudar e agora são umas semanas até Lisboa", disse.
De acordo com o comandante Maurício Fonseca, o Navio Escola Sagres deve chegar a Lisboa "na primeira quinzena de maio" encontrando-se neste momento ao largo do rio Orange, na linha de fronteira entre a África do Sul e a Namíbia.
O comandante do navio da Marinha portuguesa disse ainda que o balanço da viagem até Buenos Aires, Argentina, foi "extremamente positivo".
"Os programas foram intensos e foram cumpridos com a adesão das populações e das entidades locais em todos os portos onde atracamos", afirmou.
O navio saiu da capital portuguesa no início de janeiro para uma viagem à volta do mundo que teria duração de pouco mais de um ano.
Previa-se que o navio passasse por 22 portos de 19 países diferentes e que seria a Casa de Portugal durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, competição que foi cancelada.
O Ministério da Defesa Nacional justificou que a decisão de interrupção da viagem “foi tomada na sequência das medidas de segurança que os diferentes países estão a adotar para protegerem os seus portos, Portugal incluído, limitando a atracação e desembarque de tripulações e passageiros de navios”, o que inviabiliza “o pleno cumprimento da missão”.
O Governo considera ainda que “a continuidade desta expedição poderia potenciar um maior risco de contágio entre os 142 elementos da guarnição, que se encontram bem de saúde”.
A “possibilidade de se retomar a viagem de circum-navegação, eventualmente noutros moldes e com uma rota distinta, será equacionada quando for oportuno, e nomeadamente depois de extinta a atual pandemia”, lê-se no comunicado.