O primeiro-ministro espanhol advertiu hoje que o futuro do projeto europeu está "em jogo" devido à crise do coronavírus e que deve ser feita uma escolha entre uma União Europeia (EU) "coordenada e solidária" ou uma outra “individualista”.
"Estamos a enfrentar a pior crise da nossa geração", escreveu Pedro Sánchez numa mensagem nas redes sociais, na qual reafirmou o seu profundo europeísmo e apelou a uma resposta comum a esta emergência.
Para o chefe do Governo espanhol, a Covid-19 afeta todos e "não distingue fronteiras, género ou classe", tendo insistido que a UE deve aprender as lições do passado e não voltar a desapontar os seus cidadãos.
Na sua opinião, a resposta europeia deve ser solidária e centrada nos mais vulneráveis, "como algumas instituições da UE já estão a fazer", afirmou.
Sánchez recordou que esta semana nove líderes europeus, incluindo ele próprio, tinham proposto um instrumento de dívida comum para facilitar uma recuperação "rápida, sustentável e inclusiva" e garantir a estabilidade no financiamento de medidas para enfrentar a covid-19.
Depois de sublinhar que o Governo espanhol está a trabalhar para avançar nesta solução, explicou que o Conselho Europeu deu um mandato "claro" ao Eurogrupo na quinta-feira.
Daqui a duas semanas, disse, deve apresentar propostas de financiamento específicas adaptadas à gravidade e intensidade da crise, utilizando todos os instrumentos de financiamento europeus.
Segundo o chefe do Governo espanhol, a UE deve promover um plano de reconstrução que reforce os mecanismos do Estado social europeu e desenvolva "mecanismos de resiliência", através das políticas de coesão e agrícola, bem como melhorar a eficácia das políticas industriais.
Ao fim de cerca de seis horas de discussões, através de videoconferência, os líderes dos 27 adotaram uma declaração conjunta na noite quinta-feira que, no capítulo dedicado a como “enfrentar as consequências socioeconómicas” da pandemia, convida o fórum de ministros das Finanças da zona euro, presidido por Mário Centeno, a apresentar propostas, “dentro de duas semanas”, que “tenham em conta a natureza sem precedentes do choque de covid-19”, que afeta as economias de todos os Estados-membros.
Naquele que foi o terceiro Conselho Europeu por videoconferência no espaço de três semanas para discutir a resposta conjunta à pandemia de covid-19, vários Estados-membros reclamaram uma resposta da União Europeia (UE) verdadeiramente à altura da crise, designadamente através da mutualização da crise, mas esta ideia continua a conhecer grande resistência por parte de alguns países, entre eles a Alemanha.
Com as economias europeias já a sofrerem os choques do confinamento generalizado decretado nos Estados-membros da UE, nove chefes de Estado e de Governo, incluindo o espanhol e o português, escreveram na quarta-feira ao presidente do Conselho da EU, Charles Michel, a defender a implementação de um instrumento europeu comum de emissão de dívida para enfrentar a crise provocada pela covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 292 mil infetados e quase 16 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8.165 mortos em 80.539 casos registados até quinta-feira.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 4.858, entre 64.059 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são desde quinta-feira o que tem maior número de infetados (mais de 85 mil).