Gel desinfetante, máscaras, viseiras e outros equipamentos médicos começam a faltar aos profissionais de saúde e várias empresas estão a ajudar com alterações nas suas linhas de produção.
Com o número crescente de casos de Covid-19 em Portugal são já várias as empresas a adaptar as suas linhas de produção para produzir máscaras, viseiras, álcool gel e todo o equipamento médico que os hospitais precisam, numa altura em que são 4268 os casos confirmados em Portugal e 76 as mortes provocadas pela Covid-19.
A produção de viseiras hospitalares
A APAMETAL, empresa de Rio de Mouro, em Sintra, e cujo negócio é habitualmente a produção de materiais de decoração de espaços comerciais, tem vindo a disponibilizar-se para o fabrico de viseiras hospitalares e de barreiras de proteção para balcões de atendimento ou táxis.
Antes destes equipamentos de proteção individual começarem a ser entregues nos hospitais já tinham sido compradas 19.500 viseiras pela Polícia de Segurança Pública (PSP) “a um preço irrisório, que é praticamente o custo de transformação da matéria prima”, referiu Adriano Lourenço, CEO da APAMETAL em entrevista ao S+.
Segundo o empresário, são várias as empresas que querem comprar estas viseiras à APAMETAL para posteriormente doarem às unidades de saúde. Estas, são vendidas a preço de custo para assim se criar uma “economia circular” e permitir o fabrico de novas unidades.
São, também, várias as famílias que se uniram a esta empresa e, a partir de casa, fazem os acabamentos do produto. A produção interna da empresa e a ajuda destas famílias proporciona o fabrico de 2000 a 3000 viseiras por dia.
À data, já foram entregues cerca de 10.000 viseiras hospitalares em unidades como o hospital Amadora-Sintra, o S. João no Porto, hospital de Ovar, Santa Maria, IPO de Lisboa, Cruz Vermelha Portuguesa e no hospital de Setúbal. Estão em produção outras 15.000 que têm como destino hospitais públicos e privados.
Adriano Lourenço refere que o feedback tem sido “extraordinário” e que os profissionais de saúde agradecem com grande satisfação. Este empreendedor salienta ainda que a intenção não é substituir a indústria hospitalar referindo que “estamos a combater como se estivéssemos numa guerra e essa guerra tem que ser combatida por todos”.
O álcool gel a partir de aguardente vínica
Também na Bairrada a ajuda chega por parte de vitivinicultores que se uniram a farmácias e à unidade de saúde local para a produção de álcool gel a partir de aguardente vínica. Como objetivo, minimizar a dificuldade no acesso a este produto que além de ser escasso vê os preços a disparar.
Face à forte tradição na produção de derivados vinícolas e por isso uma grande capacidade de destilação de algumas empresas locais, Miguel Ferreira, diretor da revista “A Lei do Vinho”, contactou alguns produtores e destilarias para assim se dar início aos trabalhos. A Quinta das Bágeiras e a destilaria Levira disponibilizaram-se e aderiram ao projeto.
“Aquilo que vai ser necessário vai ser arranjar a matéria-prima, ou seja, o vinho, vinho fraco, aguardentes fracas, que já não sirvam para comercialização, para produção de álcool e posteriormente, aí terá que ser somente a destilaria Levira, a produzir o álcool gel para distribuir ou vender a preço de mercado aos estabelecimentos farmacêuticos e às unidades de saúde”, refere Miguel Ferreira, em entrevista ao Canal S+.
A ideia ainda está num estado embrionário, mas há já abertura por parte do município para apoiar esta iniciativa que se quer manter apenas ao nível regional e não estendida a um panorama nacional. Segundo o cronista de vinhos, haverá capacidade para produzir entre os 50 mil e os 100 mil litros de matéria-prima, destes 10 a 15% serão álcool gel.
A Destilaria Levira já tinha fechado um acordo com o Grupo Super Bock também para a produção de gel desinfetante para as mãos, que vai ser oferecido a três unidades hospitalares da região do Porto.
“Para começo, são cerca de 56 mil litros de álcool da produção de cerveja sem álcool que vão ser transformados, pela Destilaria Levira, em aproximadamente 14 mil litros de álcool gel para as mãos, num processo de fabrico que segue as diretrizes da Organização Mundial de Saúde. Destinam-se a várias unidades hospitalares do norte do país, para que disponham de uma maior quantidade destes produtos indispensáveis para a prevenção e tratamento da infeção com o Covid-19″, explica o grupo Super Bock, em comunicado.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.