As petrolíferas Eni e ExxonMobil adiaram respostas sobre um eventual impacto da pandemia de covid-19 nos projetos de gás para Moçambique, após questões colocadas pela Lusa.
O novo coronavírus e a queda acentuada do preço do petróleo e matérias-primas do setor estão a obrigar as petrolíferas a rever os seus planos de atividade.
"Mais detalhes sobre a revisão do plano de negócios e os projetos afetados estarão disponíveis no final de abril, na apresentação trimestral" sobre a atividade e resultados da empresa, disse fonte da petrolífera italiana Eni.
A declaração surge depois de Claudio Descalzi, diretor executivo da Eni, ter anunciado na quarta-feira cortes nas despesas de capital de 2020 e 2021, menos um quarto do previsto este ano e um corte de um terço no próximo ano.
Os projetos em causa "estão relacionados principalmente com as atividades a montante [upstream], em particular a produção, otimização e desenvolvimento de novos projetos programados para começar a curto prazo", referiu o CEO, sem mais detalhes.
O parceiro da Eni na Área 4 de exploração de gás natural em Moçambique tem uma posição semelhante.
"Com base neste contexto sem precedentes, estamos a avaliar todas as medidas apropriadas para reduzir significativamente as despesas de capital e operacionais no curto prazo", disse há 11 dias, Darren Woods, presidente e diretor executivo da ExxonMobil.
Questionada sobre eventuais impactos nos prazos previstos para anunciar uma decisão final de investimento em Moçambique, que estava prevista para este ano, fonte da empresa disse que por princípio, a firma "não especula sobre os prazos".
"O projeto Rovuma LNG é complexo elevará vários anos para ser desenvolvido", referiu, acrescentando que a ExxonMobil "tem em vigor protocolos de emergência e segurança para mitigar riscos em uma variedade de cenários, incluindo os desafios globais da covid-19".
Neste momento, "o foco continua é a saúde e a segurança do pessoal".
A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão.
A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.
A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infraestruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infraestruturas upstream (a montante).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 500 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.
Em Moçambique, já há registo de pelo menos sete infeções com o novo coronavírus.