O primeiro-ministro afirmou hoje que, com a crise da covid-19, João Cotrim Figueiredo deixou de ser o deputado da Iniciativa Liberal e passou a ser da "iniciativa estatal", tendo o liberal considerado que epidemia não pode "rimar com burocracia".
No debate quinzenal de hoje, António Costa começou a resposta a João Cotrim Figueiredo ao ataque, considerando que "não há nada como uma boa crise para transformar um bom liberal num intervencionista".
"É aliás uma longa tradição dos liberais portugueses", argumentou, continuando: "assim que a crise chega, Aqui-d'el-rei que venha o Estado para nos salvar. O senhor deputado deixou de ser o deputado da iniciativa liberal e passou a ser o deputado da iniciativa estatal", atirou, dirigindo-se a João Cotrim Figueiredo.
O deputado liberal tinha afirmado que "há duas prioridades que já são evidentes" em relação à covid-19 que passa por "conter a epidemia e salvar a economia", as duas "com igual prioridade e a acontecer ao mesmo tempo".
"Não sentimos o foco e a urgência suficientes nestas duas frentes", criticou, avisando que "no mundo real a epidemia não pode, de facto, rimar com burocracia".
João Cotrim Figueiredo condenou ainda "a enorme confusão" em relação aos testes ao novo coronavírus.
"Uma semana depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomendar fortemente testar, testar, testar, Portugal continua apenas a tentar, tentar, tentar. Isto não aceitável", lamentou.
Ainda no período da resposta, António Costa voltou a elencar os números em relação aos testes.
"Os testes que temos em stock são 10 mil no setor público e 17 mil no setor privado. Os testes que temos encomendados são 280 mil, com previsão de entrega de 80 mil até ao próximo dia 29", enumerou.
Em relação às zaragatoas, estão "encomendadas 481 mil", adiantou ainda.
"Temos estado a fazer as aquisições e eles serão empregues de acordo com a norma técnica da Direção-Geral da Saúde", explicou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista mais 302 casos do que na segunda-feira. O país encontra-se em estado de emergência até às 23:59 de 02 de abril.