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Covid-19: Governo mexicano pede que empresas suspendam circulação de trabalhadores

LUSA
24-03-2020 16:09h

As autoridades de saúde mexicanas pediram a todas as empresas e organizações que suspendam trabalhos que requerem a circulação de pessoas, numa série de medidas anunciadas de combate à pandemia da covid-19 anunciadas hoje.

Em conferência de imprensa organizada pelo Presidente, Andrés Manuel Lopez Obrador, o vice-secretário da Saúde, Hugo Lopez-Gatell, disse que os trabalhos que requerem que as pessoas viajem entre casas e local de trabalho ou em espaços públicos devem parar.

A medida que, em teoria, pode interromper uma grande parte da atividade económica do país, foi incluída numa lista de outras normas já implementadas e não houve uma discussão sobre como seria aplicada ou se haveria multas.

Muitas empresas já estão a aplicar planos para ter funcionários em teletrabalho, mas a maioria permanece aberta, incluindo restaurantes e ginásios.

Lopez-Gatell pediu ainda aos empresários em setores essenciais para efetivarem planos que lhes permitam continuar o trabalho, porque “instituições e organizações privadas não podem parar” porque o país depende delas.

Já o Presidente, Lopez Obrador, disse que o bilionário Carlos Slim se tinha comprometido a não despedir trabalhadores, apelando aos restantes empresários para que sigam o exemplo.

Além disso, o Presidente afirmou que vai “resgatar os pobres” antes das “grandes empresas e bancos” e que vai assinar um decreto que permite aos trabalhadores mais idosos ficarem em casa a trabalhar, continuando a receber o seu salário e outros benefícios.

Além destas medidas, o subsecretário das Relações Exteriores, Julián Ventura, em entrevista à agência espanhola Efe, pediu aos mexicanos no exterior para regressarem ao país o mais rápido possível, tendo em conta que a frequência de voos está a ser reduzida e incentivou as mexicanos a não deixarem o país, “exceto em caso de emergência”.

“Não é hora de deixar o México. Há uma dinâmica de redução gradual das frequências de voo. O México tem uma grande conexão de até dois voos por dia com grandes capitais europeias. A tendência agora é de queda, devido à baixa procura”, apontou.

A 16 de fevereiro, o país repatriou, com a ajuda do governo francês, 10 mexicanos residentes em Wuhan e sem suspeitas da Covid-19, enquanto no dia 28 resgatou outros três com a colaboração do governo colombiano.

Desde então, o país não fretou mais aviões para cidadãos nacionais presos na Europa, Ásia ou África, embora os consulados colaborem noutras questões, como encontrar rotas aéreas alternativas.

Na segunda-feira começou a chamada Jornada Nacional de Distância Segura que, de 23 de março a 19 de abril, pede a suspensão temporário de atividades não essenciais, o reagendamento de grandes eventos e a permanência das pessoas em casa.

No relatório mais recente, as autoridades de saúde mexicanas confirmaram 367 casos de infeção pelo novo coronavírus e quatro mortes.

O México e os Estados Unidos fecharam a fronteira comum ao turismo, na sexta-feira, embora permaneça aberta para o comércio e assistência sanitária.

Por enquanto, o Governo mexicano não considera estabelecer uma quarentena geral obrigatória para não prejudicar a fraca economia do país, que em 2019 desde 0,1%.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

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