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Covid-19: Maquinistas do Metro de Lisboa com doenças de risco a trabalhar - Sindicato

LUSA
24-03-2020 16:08h

O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) denunciou hoje a existência de maquinistas do Metro de Lisboa com doenças de risco a trabalhar e apelou à antecipação da hora de fecho do serviço.

“Há medidas a serem implementadas numa situação de uma clara discriminação, enquanto em todas as outras áreas da empresa os trabalhadores de risco foram na sua maioria dispensados, há uma área em concreto que não está a cumprir com as diretrizes: os maquinistas”, disse Anabela Carvalheira em declarações à Lusa.

De acordo com a sindicalista, há maquinistas com doenças de risco “que estão elencadas na medicina de trabalho e continuam a ter dispensas ‘à la carte’, ou seja, são dispensados se calhar ao fim do dia e priorizam um doente de risco, mas no dia seguinte já deixam de ser doentes de risco se forem precisos para tripular um comboio, e isto não pode acontecer”.

“Se são doentes de risco têm de ser enviados para casa como todos os outros trabalhadores”, frisou.

Apesar de reconhecer que a empresa está a tomar “bastantes medidas” para proteger os trabalhadores e utentes do novo coronavírus covid-19, alerta que “vieram um pouco tarde” e que muitas delas “resultam da pressão e de propostas das organizações representativas dos trabalhadores”.

Anabela Carvalheira adiantou que a empresa escudou-se na proteção de dados para não dizer às entidades representativas dos trabalhadores os números daqueles que têm alguma doença de risco, mas adiantou saber que “há bastantes trabalhadores de risco, inclusivamente de doenças cardíacas, respiratórias, hipertensão e diabetes”.

“Se tiverem a doença vão ter muitas complicações”, explicou.

Para a sindicalista, parece que a empresa “está mais preocupada em garantir o serviço do transporte” do que “em proteger os seus trabalhadores”.

Anabela Carvalheira considerou que não faz sentido “manter a oferta, com os comboios a circularem até à 01:30”, até porque há fotografias “de circulações em completo vazio àquela hora”, o que pode levar aos “poucos passageiros” que usam o metro a partir das 22:00 uma “sensação de alguma insegurança”.

“Se a empresa está preocupada em transportar esta meia dúzia de utentes, deve contratualizar um serviço rodoviário e não um serviço pesado de metro”, aconselhou a sindicalista, referindo que a medida não seria “para mandar os maquinistas para casa descansar, mas para garantir o serviço público de transporte enquanto durar a pandemia”.

“Se tivermos um ou dois trabalhadores infetados e, se tivermos todos os trabalhadores maquinistas, ou a maioria, a trabalhar nesta fase, em pouco tempo pomos em causa o serviço público de transporte”, reiterou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Em Portugal, há 30 mortes, mais sete do que na segunda-feira, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista mais 302 casos.

 

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