O ministro dos Negócios Estrangeiros disse hoje que é preciso avaliar “com cuidado” se “há algum fundamento” na ideia de que os portugueses estão inseguros em Timor-Leste por estarem a ser associados à disseminação do novo coronavírus.
“A circulação da ideia de que hoje os portugueses não estão seguros em Timor-Leste porque os timorenses os estariam a acusar de serem os causadores da epidemia covid-19 teria efeitos devastadores. Por isso é preciso ver com cuidado se tem algum fundamento”, disse Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa falava hoje aos jornalistas, em Lisboa, no final de uma reunião da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, onde foi a pedido do PSD para dar esclarecimentos sobre as medidas de apoio do Governo aos portugueses no estrangeiro.
As declarações de Santos Silva surgem depois de ter sido noticiado que duas professoras portuguesas destacadas em Timor-Leste fizeram hoje participações na Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) de incidentes que ocorreram no final da semana a bordo de um transporte público em Baucau, segunda cidade do país.
Na participação, as docentes explicam que estavam a viajar numa microlete, o transporte público mais usado em Timor-Leste, quando um jovem agarrou uma das professoras e gritou a palavra “corona”, antes de saltar da viatura e fugir.
O ministro, que disse desconhecer este caso em particular, tinha relatado um outro acontecimento aos deputados da comissão de uma portuguesa, que teria sido vítima de uma intrusão na sua casa no início do mês, mas que apenas agora teria apresentado queixa.
Santos Silva explicou ter feito, hoje de manhã, um ponto de situação com o embaixador de Portugal em Díli, que lhe explicou que teria havido o rumor de uma agressão a uma professora portuguesa relacionada com a covid-19.
“Verifica-se que houve de facto uma tentativa de assalto no domicílio de uma portuguesa no dia 04 de março e as autoridades policiais quando agora tiveram conhecimento do facto prestaram toda a colaboração”, disse, adiantando que o caso não teve qualquer ligação com a atual pandemia.
Ainda assim, Santos Silva garantiu que o Governo está a “acompanhar muito de perto as condições de segurança” dos cooperantes portugueses no país.
Neste contexto, o ministro sublinhou a importância de “verificar a veracidade das informações” que são difundidas para evitar projetar preconceitos e juízos de valor “sobre um povo tão próximo de nós como o povo timorense”.
Em Timor-Leste há até ao momento um caso confirmado da covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.