O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou hoje que outros países estão olhar "com muito interesse" para Portugal em relação à covid-19, concretamente no tratamento de infetados em casa e na capacidade de resposta do sistema.
Marcelo Rebelo de Sousa respondia aos jornalistas após questionado sobre se tem mantido contacto com outros chefes de Estado de países afetados, no final de uma sessão no auditório do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em Lisboa, que durou mais de três horas, sobre a "Situação epidemiológica da covid-19 em Portugal", uma iniciativa do Governo, que contou ainda com a presença do primeiro-ministro, António Costa, dos líderes partidários, das confederações patronais e das estruturas sindicais.
O Presidente da República confirmou estes contactos "com vários chefes de Estado", ainda na segunda-feira, e deu o exemplo do Rei de Espanha e do presidente da República Italiana, "casos muito impressivos na cobertura mediática em Portugal".
"É possível verificar esta ideia: estamos perante uma pandemia global com uma incidência europeia muito clara. Até aqueles que nalgum momento chegaram a pensar que isto podia ser de alguns países, de algumas sociedades e não de todos, começam a compreender e a tomar medidas ainda quando estão numa fase mais atrasada do processo", apontou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, outros países "olham para o caso português com muito interesse porque o caso português já tomou em linha de conta as lições de outros casos iniciados mais cedo e pode servir de exemplo naquilo que eles querem fazer".
O Presidente da República deu o exemplo do "facto de haver o tratamento dos infetados em casa" em Portugal, já que "houve outras experiências que seguiram caminhos diversos".
"Outro exemplo também é a forma de contenção que tem permitido, é certo com uma dedicação enorme dos profissionais de saúde, um dimensionamento e uma capacidade de resposta, que se vai ajustando, do sistema de saúde. E estão a aprender com isso", adiantou.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou ainda que manteve contacto "com chefes de estado com situações muito diferentes como são os bálticos ou os da Europa de leste".
"São diferentes até porque aí o surto começou mais tarde em vários deles e tem uma incidência menor por razões de dimensão da população e pela composição dessa população. uma população, em muitos casos, mais jovem em média do que a população portuguesa ou mesmo a população italiana, que é menos jovem do que a nossa", explicou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Portugal regista 29 mortos por covid-19 e 2.362 infetados, anunciou hoje o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.
O governante disse que há mais 302 casos de infeção relativamente a segunda-feira, um aumento de 15%, e que há 22 casos de pessoas recuperadas.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.