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Covid-19: BE questiona sobre pressão para trabalhadores da Transdev entrarem de férias

LUSA
24-03-2020 12:44h

O Bloco de Esquerda questionou o Ministério do Trabalho e a Câmara de Aveiro sobre a situação dos trabalhadores da transportadora Transdev obrigados a gozar férias durante o período da pandemia, foi hoje anunciado.

“O Bloco considera inaceitável este abuso laboral e recusa que a crise seja paga pelos trabalhadores para que a multinacional proteja os seus lucros. É preciso proteger quem trabalha. A situação em Aveiro é mais grave dado a Aveirobus ser uma concessão da autarquia”, lê-se em comunicado.

Com base numa denúncia do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), o BE relata que a Transdev “está a obrigar os 1.500 motoristas que emprega a gozar férias durante o período de pandemia Covid-19” e que “inicialmente alguns trabalhadores aceitaram gozar uma semana de férias, mas a empresa insiste agora em ir mais longe e aplicar um período mais extenso contra a vontade dos trabalhadores”.

Por seu turno, a Câmara Municipal de Aveiro anunciou, conjuntamente com a concessionária dos transportes públicos rodoviários e fluviais (Transdev/ETAC/Aveirobus) a redução de carreiras de autocarros a aplicar até 05 de abril, a título excecional, devido à pandemia Covid-19.

“O grupo Transdev que tem a concessão da Aveirobus recebe uma renda paga pela autarquia para a exploração desses transportes coletivos. Trata-se de um serviço público sob concessão da autarquia. A Câmara Municipal de Aveiro deveria assegurar o respeito dos direitos laborais na empresa que executa o serviço público por si concessionado”, considera o Bloco.

“O Bloco quer conhecer a situação na Aveirobus e que o Ministério e a autarquia façam cumprir os direitos laborais junto das entidades competentes e através da concessão municipal”, conclui.

A Aveirobus, em coordenação com a Câmara Municipal de Aveiro, informou que, “por força do Estado de Emergência decretado pelo

Presidente da República”, a partir de quarta-feira vai ajustar a oferta de transporte em Aveiro e que, a partir desse dia, passa a ter também um serviço de transporte a pedido para todas as origens-destino da rede Aveirobus.

O STRUN denunciou na segunda-feira que o Grupo Transdev está a impor aos 1.500 motoristas o gozo de férias em face da diminuição dos números passageiros por causa da covid-19.

A Lusa tentou contactar na segunda-feira a Transdev, mas sem sucesso.

Por seu turno o PCP, através da organização regional de Aveiro, emitiu também hoje um comunicado em que denuncia a "prática abusiva de algumas empresas do distrito, que, a coberto da excecional situação que o país atravessa, e procurando salvaguardar os seus lucros, tentam que sejam os trabalhadores a pagar a crise, num atropelo completo aos seus direitos".

"São inúmeros os relatos de trabalhadores sujeitos à pressão de abdicar do direito a férias, coagidos a aceitar o banco de horas, a perda de retribuição, sem acesso aos meios de proteção individual, ou a ver terminado o seu contrato de trabalho", refere o PCP que enumera várias empresas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde.

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