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Covid-19: Sindicato da Construção exige realização de rastreios nas obras

LUSA
24-03-2020 12:26h

O Sindicato da Construção de Portugal voltou hoje a denunciar que a atividade no setor continua sem “nenhum controlo” face à pandemia de covid-19, exigindo do Governo a implementação de medidas de rastreio da doença nas obras.

“O sindicato exige do Governo que, já que não suspendeu a atividade, pelo menos, rapidamente e em todo o país, coloque carrinhas com técnicos de saúde para fazer o teste a todos os trabalhadores, porque se não for assim será no setor da construção que haverá mais mortes em Portugal”, lê-se num comunicado emitido pela estrutura sindical.

Considerando “de uma grande irresponsabilidade e desconhecimento de como funciona o setor” a manutenção em atividade das obras de construção, o sindicato diz que, apesar de alguns empresários terem tomado “as medidas adequadas”, o facto é que “a grande maioria são patrões, que não respeitam nada nem ninguém”.

Como exemplo da situação de risco vivida no setor, o presidente do sindicato, Albano Ribeiro, aponta as “centenas de locais de trabalho onde comem em refeitórios 100 trabalhadores e mais e em que não está a haver nenhum controlo”.

Por outro lado, sustenta, estão a regressar para trabalhar em Portugal “milhares” de operários portugueses da construção que estavam a laborar em França, Itália, Espanha e outros países da União Europeia, numa situação que decorre sem que haja “controlo algum”.

“Alguns desses trabalhadores exigiram aos patrões máscaras e luvas e foi-lhes dito para irem embora, que não ficariam na obra a trabalhar”, denuncia Albano Ribeiro.

Para o Sindicato da Construção, a manter-se a atual situação, “o setor deve e tem de parar, para a segurança dos trabalhadores e das suas famílias”.

Na semana passada, o sindicato tinha já defendido a paragem “de todas as obras, públicas e privadas”, em que as medidas de proteção face à covid-19 são desrespeitadas, alertando para que o setor “pode contribuir para um maior número de infetados”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do sindicato disse que “há patrões que estão a obrigar os seus trabalhadores a deslocarem-se e a trabalhar em condições que desrespeitam as medidas tomadas a nível governamental” para tentar travar a pandemia, nomeadamente no que se refere à lotação das carrinhas que transportam os funcionários para as obras e à distância entre trabalhadores durante a laboração.

“Há trabalhadores que já foram ameaçados de despedimento se não trabalharem perante as orientações desses patrões”, garantiu na altura Albano Ribeiro.

Segundo este responsável, os incumprimentos acontecem quer em obras privadas, quer em obras públicas, sendo “um dos casos mais graves” a obra da barragem do Alto Tâmega, da espanhola Iberdrola, “dado o grande contacto entre trabalhadores portugueses e espanhóis”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde.

Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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