As reservas para festejar o amor e a paixão em ‘suites’ com espelhos no teto e jacuzzis estão a ser canceladas nos motéis do Porto, que registaram mesmo quebras de 80% por causa da pandemia covid-19.
No Flamingo Motel, localizado em Perafita, Matosinhos, distrito do Porto, as reservas sofreram uma quebra entre os “80% e os 100%”, disse à Lusa, Paula Monteiro, diretora daquela unidade hoteleira, referindo que a diminuição verifica-se desde há uma semana.
“Quando isto [a vida] voltar ao normal, o setor hoteleiro vai pegar fogo, porque as pessoas vão querer espairecer depois de estarem fechadas em casa. Não há santo que vá resistir”, considerou a diretora do Flamingo.
O responsável pelo Motel O Sonho, localizado no concelho de Valongo, distrito do Porto, adiantou à Lusa que também estão a registar uma “quebra acentuada” desde a última semana e constata que o negócio “tende a piorar de dia para dia”.
Com uma quebra na taxa de ocupação hoteleira na ordem dos “40%”, o empresário assume que “vai lutar até ao limite” para manter todos os postos de trabalho”.
“Os nossos funcionários são o coração da empresa e não os queremos prejudicar”, assume, esperando que o Governo lance mais “ajudas financeiras”, designadamente o pagamento de salários a fundo perdido. Recorrer ao ‘lay off’ pode ser outra hipótese, refere o empresário, embora estime que a Segurança Social não tenha dinheiro para pagar aos trabalhadores.
Manuel Braga, do Motel Havai, em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, também regista “quebras assinaláveis” na ocupação da sua unidade nos últimos oitos dias, mas, para já, pretende continuar com o negócio aberto.
“A suspensão ou não do negócio depende das decisões das autoridades competentes”, observou Manuel Braga, acrescentando que está a “analisar todas as possibilidades existentes” sobre as medidas anunciadas pelo Governo.
Numa resposta por escrito à agência Lusa, os proprietários do Motel Portofino também confirmam que estão a “sofrer quebras na ocupação”, mas referem que vão manter, para já, o negócio aberto.
“Relativamente ao futuro, não lhe conseguimos responder, para já vamos mantendo o motel”.
No Silk Motel, em Pedroso, no concelho de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, estão abertos com os “serviços mínimos”, disse à Lusa uma das funcionárias, escusando-se, contudo, em quantificar as quebras nas taxas de ocupação dos últimos dias.
A Lusa contactou também o Habana Motel, em Matosinhos, e o Tropicana Motel, em Vila Nova de Gaia e ambos asseguram que também se vão manter abertos, embora registem “quebras acentuadas” de clientes por causa da Covid-19.
O Governo anunciou a 18 de março um conjunto de linhas de crédito para apoio à tesouraria das empresas no montante total de 3.000 milhões de euros, destinadas aos setores mais atingidos pela pandemia covid-19, como é o turismo, com um período de carência até ao final do ano e que podem ser amortizadas em quatro anos.
O surto de Covid-19 surgiu na China em dezembro de 2019 e espalhou-se por todo o mundo, levando a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
A pandemia da covid-19 já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira passada, dia 19 de março, vai prolongar-se até às 23:59 de 02 de abril.