As autoridades indianas autorizaram a utilização de hidroxicloroquina, medicamento contra a malária, para prevenir infeção com o novo coronavirus entre a "população de alto risco", nomeadamente pessoal médico e outros que lidam com infetados, noticiou hoje a agência EFE.
Segundo adianta a agência noticiosa espanhola, trata-se de uma decisão das autoridades médicas indianas para travar o avanço de casos positivos de Covid-19, que já superam os 400, havendo ainda a registar sete mortos.
"O Grupo de Trabalho Nacional para o Covid-19, constituído pelo Conselho Indiano de Investigação Médica, recomenda o uso da hidroxicloroquina para a prevenção da infeção por coronavirus", indica um comunicado do Ministério Indiano de Saúde.
Em conferência de imprensa posterior à nota, o secretário-adjunto do ministro da Saúde, Lav Aggarwal, detalhou que a hidroxicloroquina, a que se recorre habitualmente para prevenir a malária, é "recomendada unicamente para pessoal médico ou outras pessoas que têm vindo a tratar pacientes com Covid-19".
"Só estes podem tomar essa medicação como medida de prevenção", sublinhou, enfatizando que não é um tratamento curativo, mas preventivo.
A Índia junta-se assim a outros países, como os Estados Unidos, a um ensaio clínico europeu liderado pela França, que viu neste medicamento um avanço na luta contra o coronavírus.
Segundo o Conselho Indiano de Investigação Médica, comprovou-se que a hidroxicloroquina "é eficaz contra o coronavírus", através de estudos de laboratório e ao vivo, e que os seus benefícios no tratamento assentam "em dados clínicos".
"A Organização Mundial de Saúde começou também a realizar grandes ensaios com o medicamento e que evidenciam benefícios, mas a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) ainda não aprovou. O medicamento é usado geralmente para doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide", explicou à EFE Nadeem ur Rehman, consultor do grupo de Saúde privado Medanta.
"É um medicamento de primeira linha e as pessoas que começam a comprá-lo em grandes quantidades e o açambarcam (por medo do coronavírus), podem criar um problema de abastecimento e assim privar aqueles de dele necessitam", advertiu.
A adoção do medicamento para casos específicos foi tomada pelas autoridades sanitárias indianas no dia em que o número de casos positivos ascendeu a 415, quase o dobro do registado na sexta-feira, tendo sido confirmada a sétima morte relacionada com o Covid-19, segundo dados do governo indiano.
Perante o aumento de casos, as autoridades indianas ordenaram o confinamento em 75 distritos do país, incluindo as principais cidades - Nova Deli, Bombaim e Calcutá -, onde só podem funcionar os serviços essenciais, medida válida até 31 de março.
Simultaneamente, os serviços ferroviários e de transportes rodoviários de passageiros foram suspensos, enquanto os serviços aéreos dentro do território indiano foram suspensos a partir da meia-noite de terça-feira, juntando-se às restrições anteriores relativos a voos provenientes do estrangeiro.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.