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Covid-19: Dirigente político da Guiné-Bissau propõe pacto nacional para fazer face a pandemia (ATUALIZADA)

LUSA
22-03-2020 12:20h

O líder do Partido de Unidade Nacional, Idrissa Djaló, alertou hoje que as disputas políticas na Guiné-Bissau estão a impedir apoio e assistência dos parceiros internacionais e propõe um pacto nacional para fazer face à pandemia da Covid-19.

Numa mensagem divulgada na rede social Facebook, referindo-se à gravidade da pandemia mundial provocada pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, Idrissa Djaló salientou que a Guiné-Bissau é confrontada há décadas com instabilidade crónica que "mina a cada dia as estruturas do Estado defeituoso".

"Hoje, somos confrontados com querelas de legitimidade políticas e disputas pós-eleitorais que paralisam o funcionamento normal das nossas já frágeis instituições. Esta situação impede que os nossos parceiros internacionais concedam apoio e assistência", salientou Idrissa Djaló, cujo partido faz parte do Governo de Aristides Gomes.

Para o político guineense, a energia está a ser canalizada para as "disputas políticas" e isso vai levar "claramente" à destruição do "pouco que resta da estrutura da administração do Estado".

"O Governo que está em funções não tem tomado as medidas acertadas porque não tem capacidade de avaliação do que está em causa e não possui no seu seio pessoas capazes de assumir a extensão da pandemia e de oferecer respostas satisfatórias", afirmou.

O político propõe a negociação de um "pacto nacional" para fazer face aos "graves desafios sanitários, económicos, sociais e políticos" que o país enfrenta.

"Para tal, teremos de adiar o contencioso político, sem pôr em causa a necessidade de resolvê-lo logo que for possível. Contudo, se não queremos correr o risco de ver centenas ou milhares dos nossos compatriotas morrer em consequência da covid-19, a prioridade é de construir um consenso nacional e colocar a Guiné-Bissau em ordem de batalha", sublinhou.

O político propõe a criação de duas equipas, nomeadamente uma de especialistas em saúde e outra em economia, para ajudarem a enfrentar o problema na Guiné-Bissau, que ainda não registou oficialmente nenhum caso da covid-19, e para quem os políticos devem transferir "poderes alargados", enquanto se comprometem a "abster-se de toda a ingerência e aproveitamento político durante o período crítico".

A Guiné-Bissau vive mais um momento de tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições presidenciais do país pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, quando ainda decorre um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira, que alega graves irregularidades no processo.

Na sequência da tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes, que lidera o Governo que saiu das legislativas e que tem a maioria no parlamento do país, e nomeou Nuno Nabian para o cargo.

Umaro Sissoco Embaló afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país, que não foi imposta nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos e que aguarda pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça.

No âmbito do combate à pandemia da covid-19, o Governo de Aristides Gomes já tinha elaborado um plano de contingência para prevenir a doença.

As novas autoridades que assumiram ilegalmente o poder na Guiné-Bissau afirmaram que concluíram na sexta-feira a elaboração de um plano de contingência, orçado em cerca de um milhão de euros e que querem apresentar aos parceiros internacionais, assinalou um membro do Governo de Nabian, em Bissau.

As mesmas autoridades lamentaram que algumas representações internacionais no país se tenham recusado a responder ao convite para estarem presentes na reunião que se destinava a analisar sinergias e distribuir tarefas.

O representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Guiné-Bissau, Jean Marie Kipela, alertou sobre a necessidade de o país aprovar e colocar em marcha um plano de contingência, alertando sobre o facto de o vírus chegar ao país.

A pandemia da covid-19 já provocou 12.895 mortos e 300.097 pessoas estão infetadas em 169 países e territórios.

Em África, há mais de mil casos em 40 países e territórios, com registos de 30 mortes, segundo os dados mais recentes.

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