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Covid-19: Artistas moçambicanos alertam para “impacto terrível” no setor e pedem apoio

LUSA
21-03-2020 15:47h

Artistas moçambicanos pediram hoje incentivos para o setor face a eclosão da Covid-19, alertando para o "impacto terrível" na indústria, com a suspensão de todos eventos com mais de 50 pessoas no âmbito das medidas de prevenção adotadas pelas autoridades.

"Estamos num momento, em termos de produção artística, terrível. Os espaços de produção artística estão a fechar e estão a ser cancelados vários eventos", disse à Lusa Alvim Cossa, presidente da Associação Moçambicana de Teatro.

Aquele responsável falava à margem de uma reunião realizada hoje em Maputo que debateu os desafios das artes face à Covid-19 em Moçambique.

Para o presidente da Associação Moçambicana de Teatro, o impacto das medidas de prevenção, que incluem a suspensão de todos os eventos que juntem mais de 50 pessoas por 30 dias, será mais doloroso para os fazedores das artes, na medida em que o próprio setor atravessa vários desafios, com destaque para a falta de apoio.

"Há necessidade de o Estado olhar para nós e abrir linhas de crédito para que, em casos como este, as pessoas não percam os seus salários e tenho alguma forma de sobrevivência", frisou Alvim Cossa.

Também Matilde Muocha, investigadora e docente da Escola de Comunicação e Artes na Universidade Eduardo Mondlane, observa que a crise consequente da propagação da Covid-19 vai agudizar as dificuldades dos artistas no país, lembrando que se está perante um setor cuja estruturação é fraca.

"Para os mais fracos, a crise é muito mais aguda. Mas isto nos dá a oportunidades para refletirmos em torno das fragilidades existentes no setor e encontrarmos soluções", observou a investigadora.

Por sua vez, Dadivo José, ator e também docente universitário, entende que o período pode ser usado para a adoção de novas formas de fazer arte a partir das plataformas digitais e os artistas podem usar a sua arte para promover mensagens de prevenção.

"Não vamos olhar as coisas com fatalismo, vamos ficar nas nossas casas e vamos produzir bastante. Há aqui um oportunidade para nos entregarmos a ideias novas e também ajudarmos a disseminar mensagens educativas, gravando pequenos vídeos e que podem passar nas nossas televisões", afirmou.

As conclusões da reunião, que também decorreu em simultâneo nas cidades da Beira, Quelimane e Pemba, serão compiladas em um documento, que deverá ser entregue ao Governo moçambicano e aos parceiros que apoiam a arte, além de ser veiculada pelos media.

Moçambique ainda não registou casos de Covid-19, mas a doença existe em países vizinhos e o risco é iminente, segundo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que falava à nação na sexta-feira para anunciar novas medidas de prevenção.

As medidas incluem o fecho de todas as escolas e a suspensão de vistos de entrada no país por um período de 30 dias a partir de segunda-feira

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 271 mil pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 11.401 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 164 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.032 mortos em 47.021 casos. Segundo as autoridades italianas, 5.129 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 12 mortes e 1.280 infeções confirmadas.

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