O Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI) exigiu hoje da fábrica de Évora da Kemet Electronics a adoção de “medidas de prevenção mais adequadas” para os trabalhadores, perante a pandemia de Covid-19.
“Consideramos desadequadas algumas medidas que têm sido tomadas e a Kemet deveria ter mais preocupação em informar melhor os trabalhadores e em tomar outras medidas de proteção”, disse à agência Lusa Diogo Correia, dirigente deste sindicato em Évora.
Em comunicado divulgado hoje, o SIESI deu conta de que existe um “legítimo aumento da preocupação dos trabalhadores da Kemet”, perante a pandemia de Covid-19, e exigiu da direção da fábrica “medidas de prevenção mais adequadas”.
Segundo o sindicato, é necessário que a empresa “informe os trabalhadores e o SIESI das medidas" que está a implementar "e de outras que virão a ser implementadas” com o objetivo de “proteger a saúde e segurança dos trabalhadores durante este período de combate à pandemia”.
O SIESI referiu já ter questionado a Kemet a propósito deste assunto, mas alegou que, “não só a empresa não deu resposta, como têm sido aplicadas medidas genéricas de proteção dos trabalhadores, que merecem ser denunciadas”.
O dirigente sindical Diogo Correia afirmou que, de acordo com relatos de funcionários – o SIESI não possui estrutura dentro desta fábrica -, “há trabalhadores que, na quinta-feira, estiveram com febre à entrada ao serviço”, mas acabaram por “ter de trabalhar”.
“Não achamos normal que os trabalhadores que tenham tido febre tenham sido postos todos juntos num só espaço. A febre entretanto baixou e eles entraram ao serviço. Isto não pode ser, sabemos que, nestes casos, a febre pode ser intermitente”, exemplificou.
Diogo Correia aludiu ainda à “situação de um trabalhador que esteve em contacto com um familiar que veio de um outro país onde existem casos de Covid-19”.
“Esse familiar está em isolamento voluntário, mas o trabalhador, que não tem culpa nenhuma, está a trabalhar na fábrica, o que está a gerar alguma preocupação entre os outros trabalhadores”, indicou.
Segundo o dirigente sindical, “o plano de contingência para a pandemia de Covid-19 da Kemet está afixado algures, mas os trabalhadores não sabem onde”, sendo ainda necessário “garantir mais proteção nos espaços comuns”, visto tratar-se de “uma fábrica com mais de 400 trabalhadores”.
“Sabemos que a situação é complexa e não queremos criar climas de pânico e de desnorte, mas temos sido contactados por trabalhadores e é importante que a empresa preste esclarecimentos, até para acalmar as pessoas”, defendeu, explicando que o SIESI já contactou o Delegado de Saúde e a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).
Contactada hoje pela Lusa, a fábrica de Évora da Kemet, que produz condensadores de alumínio para telemóveis e para a indústria automóvel, escusou-se a dar esclarecimentos.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje.