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Covid-19:Junta de aldeia em Vila Nova de Cerveira distribui desinfetante a 260 habitantes

LUSA
18-03-2020 18:46h

Os 260 habitantes da aldeia de Mentrestido, em Vila Nova de Cerveira, receberam hoje gel desinfetante oferecido pela Junta de Freguesia, num "gesto simples" que dizem fazer "toda a diferença", num "momento muito difícil para todos".

"Num momento muito difícil como o que estamos a atravessar são gestos como estes que fazem toda a diferença", afirmou hoje à Lusa Carlos Gomes.

Carlos, de 25 anos, vive naquela aldeia do concelho de Viana do Castelo com a mulher. É proprietário de uma empresa de serralharia que hoje fechou portas e enviou para casa os seus cinco trabalhadores.

Ao chegar a casa, pendurado no portão encontrou um saco com dois frascos de 100 mililitros de gel desinfetante e ficou sensibilizado.

"Nem sei que lhe dizer, tanto mais que nos dias que correm é um produto escasso e caro", referiu.

O jovem empresário não quer "baixar os braços", mas admite que o futuro é incerto.

"Para já temos de zelar pela nossa saúde", referiu.

Céu Brito, de 71 anos, admitiu estar um "bocado assustada" com a pandemia de Covid-19 e referiu que o "gesto" da Junta de Freguesia a deixou "comovida".

"Não é qualquer junta que tem um gesto destes. Não é o muito que nos deram mas foi o gesto", explicou.

Céu vive com o marido, na casa ao lado mora a filha. Mas o apoio da junta "nunca falta, nem a deixa-se sentir-se sozinha e esquecida".

"Já nos tinham mandado uma mensagem a dizer que se fizesse falta comprar mercearia ou medicamentos estão à nossa disposição", referiu a idosa, ex-emigrante em França.

Também Marina Pacheco, de 39 anos, não poupou elogios à atuação do executivo da aldeia.

"É sempre bom saber que há uma entidade que se preocupa com a população. Neste caso foi ainda melhor porque o gel desinfetante está esgotado em muitos locais", explicou.

Os frascos de gel desinfetante, dois por agregado familiar, foram distribuídos hoje pelas cerca de 170 casas habitadas da aldeia pela equipa liderada por Maria de Sousa.

A presidente da Junta admitiu à Lusa que não foi "nada fácil" recolher o produto necessário para todos os habitantes.

"Foi preciso pedir a amigos e os amigos a amigos, mas apesar de ter sido muito difícil, porque há pouco gel desinfetante no mercado lá se conseguiu reunir este bem que agora é essencial. Tentámos comprar máscaras, mas não conseguimos e luvas não tinham muitas e disponibilizei as que tinha", afirmou.

Para evitar a desconfiança dos habitantes da aldeia quando se deparassem com o saco com os desinfetantes pendurado à porta de casa, a autarca lançou o aviso na página oficial da Junta de Freguesia no Facebook.

"Se chegar a casa e encontrar no portão um saco com gel desinfetante, já sabe a origem. É pouco mas é de boa vontade. Todos juntos conseguiremos. Vamos todos ficar bem. Caso precise de algo que esta junta de freguesia possa ajudar não hesite em contactar este executivo", lê-se na publicação.

Dentro dos sacos hoje distribuídos, Maria de Sousa juntou um folheto com algumas recomendações preventivas da doença e o contacto pessoal "para o que foi preciso".

"A maioria da nossa população é idosa e dependente, e necessitam de fazer compras essenciais, de fazer pagamentos inadiáveis, de adquirir medicamentos. Quando for necessário podem entrar em contacto com o executivo para que esses serviços lhe serem prestados ao domicílio. Assim evita-se a exposição ao perigo, por parte desta faixa etária tão vulnerável a esta pandemia", explicou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Dos casos confirmados, 553 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

O boletim divulgado pela DGS assinala 5.067 casos suspeitos até quarta-feira, dos quais 351 aguardavam resultado laboratorial.

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