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Covid-19: Sindicato das Comunicações destaca que serviço público dos CTT "é fundamental"

LUSA
18-03-2020 16:31h

O Sindicato de Quadros das Comunicações apelou hoje aos trabalhadores dos CTT para que "não entrem em pânico num momento em que o serviço público é fundamental", apelando ao mesmo tempo à empresa para que distribua material de proteção.

"É minha convicção - e eu que tantas vezes estive contra as políticas da empresa - que neste momento a administração está a fazer tudo o que pode e o que não pode. Mas é evidente que os trabalhadores estão preocupados. Apelo a que não entrem em pânico. Espero, desejo e acredito que havendo regra de prioridade na distribuição de material essa seja dada às zonas mais afetadas [pela pandemia], mas também apelo a que a distribuição seja nacional o mais rápido possível", referiu à agência Lusa Antonino Simões, secretário-geral do SINQUADROS.

Antonino Simões apelou aos funcionários dos CTT para cumprirem as regras de higiene e segurança recomendadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e admitiu que "todo o país está a viver uma situação de pânico", para a qual, acrescentou, "ninguém estava preparado".

"Todos temos de contribuir com a sua parte para ajudar a ultrapassar isto", sintetizou.

Este apelo surge depois de na terça-feira ter sido tornado público que um funcionário do Centro de Distribuição Postal (CDP) de Ermesinde, em Valongo, distrito do Porto, é o primeiro caso de infeção de Covid-19 nos CTT.

Na segunda-feira, algumas dezenas de trabalhadores dos CTT de Vila Nova de Gaia recusaram-se a trabalhar enquanto não fosse efetuado um teste de despistagem da Covid-19 a um colega que esteve em contacto com um infetado confirmado.

Em declarações à agência Lusa, Samuel Vieira, membro da CT e da Comissão de Segurança e Saúde do Trabalho, ambas órgãos representativos dos trabalhadores dos CTT, descreveu que "a nível nacional há um pânico generalizado" neste setor devido à falta de material de proteção, nomeadamente máscaras, luvas e gel desinfetante, bem como de divisórias para evitar o contacto entre o trabalhador e o cliente.

"Vamos falando com os recursos humanos e sabemos que esta é uma situação muito complexa. Mas os funcionários dos CTT estão muito preocupados e alguma coisa para os sossegar tem de ser feita", disse Samuel Vieira, sugerindo a redução de horários e a adoção de mais medidas de proteção.

Também em declarações à agência Lusa, Francisco Antunes, dirigente do SINQUADROS e trabalhador no CDP de Guimarães, no distrito de Braga, descreveu situações semelhantes e contou que há um "desconforto generalizado", também porque "a maior parte dos restaurantes começa a fechar e os funcionários deixam de ter onde almoçar".

"Há muita falta de informação por parte das chefias. Não sabem como agir e como lidar com esta situação. E além da falta de material de proteção, a limpeza dos espaços não foi reforçada e trabalhamos a 20 ou 30 centímetros uns dos outros", disse Francisco Antunes.

Outra das preocupações assinalada por Comissão de Trabalhadores e dirigentes sindicais prende-se com o facto de estarem a registar um aumento do número de encomendas, situação gerada por quem está de quarentena ou em isolamento voluntário e recorre mais ao serviço de compras ‘online'.

Particularmente sobre deste aspeto, o secretário-geral do SINQUADROS frisou: "Estamos num período em que as prioridades têm de prevalecer. Todo o país está numa situação de pânico. Não acredito que alguém esteja preparado ou saiba lidar com isto. Mas existem prioridades e é às prioridades que tem de ser dada urgência".

Na terça-feira devido ao caso confirmado no CDP de Ermesinde, fone oficial dos CTT garantiu que a empresa está "muito focada na atual problemática Covid-19 e em acompanhar em permanência todas as recomendações das autoridades".

"Os CTT vão continuar a acompanhar diariamente as orientações da DGS e a evolução dos factos, de modo a adaptar os procedimentos internos de minimização de eventuais contágios, sempre que se justifique", referia a resposta da empresa.

Já numa nota interna, a que a Lusa teve acesso, a administração dos CTT adiantou aos trabalhadores que "está a fazer todos os esforços" para conseguir "adquirir mais" material de proteção de forma a "reforçar os envios já efetuados".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

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