A Fundação Calouste Gulbenkian vai apoiar com 900 mil euros projetos de investigação clínica em Cabo Verde e Moçambique, que abrangem infeções bacterianas, resistência aos antibióticos, diagnóstico de doenças hematológicas graves e insuficiência cardíaca precoce, anunciou hoje a instituição.
"Os cinco novos projetos de investigação clínica em Cabo Verde e Moçambique vão receber cerca de 900 mil euros durante três anos para reforçar a qualidade e a equidade na prestação de cuidados de saúde", anunciou a fundação, em comunicado.
Selecionados por um júri independente no âmbito do concurso +Investigação, destinado a investigadores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), os projetos "abordam temas prioritários para a saúde pública regional".
Em Cabo Verde, foram selecionados dois projetos: o 'Prepara-MCV', liderado pela investigadora Isabel Araújo que procura melhorar as práticas de prescrição de antibióticos em pediatria através de testes rápidos e vigilância molecular, contribuindo para reduzir a resistência antimicrobiana e elevar a qualidade dos cuidados pediátricos.
O outro projeto, liderado por Pamela Borges, do Hospital Agostinho Neto, maior do arquipélago, pretende implementar uma plataforma integrada de diagnóstico hematológico com testes moleculares e técnicas como a citometria de fluxo para leucemias e linfomas, reduzindo tempos de resposta e permitindo terapias direcionadas.
Em Moçambique, foram selecionados três projetos.
Celso Khosa, no Instituto Nacional de Saúde, aposta no diagnóstico rápido da tuberculose resistente, permitindo iniciar precocemente tratamentos adequados e reduzir a transmissão e mortalidade.
Tacilta Nhampossa, da Fundação Manhiça, vai caraterizar o microbioma vaginal em mulheres moçambicanas para avaliar a associação com vaginose bacteriana, infeções sexualmente transmissíveis e parto prematuro, prevenindo complicações obstétricas e melhorando a saúde materno-infantil.
O terceiro projeto, liderado por Albertino Damasceno, da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, propõe o uso de ecocardiografia assistida por inteligência artificial em cuidados primários para o diagnóstico precoce de insuficiência cardíaca, facilitando o acesso em contextos de poucos recursos.
Com esta iniciativa, a Fundação Calouste Gulbenkian pretende "reforçar o conhecimento científico, capacitar as instituições de investigação e de saúde, fomentar parcerias nacionais e internacionais e integrar investigadores" dos PALOP em redes globais, contribuindo para a melhoria da prestação de cuidados de saúde nestes países.