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Governo dos Estados Unidos quer limitar o uso de macacos em testes científicos

LUSA
03-12-2025 00:51h

A agência para os medicamentos e alimentação dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) anunciou na terça-feira que pretende limitar as experiências realizadas em macacos para testar certos tratamentos.

"A ciência moderna oferece-nos formas muito mais eficazes e humanas de avaliar a segurança dos medicamentos", frisou o líder da FDA, Marty Makary, em comunicado.

Segundo Makary, alguns testes atualmente realizados em primatas para garantir a segurança dos chamados anticorpos monoclonais antes da sua comercialização poderiam ser eliminados ou reduzidos e substituídos por outras técnicas, incluindo a modelação computacional.

Estes anticorpos, fabricados especificamente para tratar uma doença, são utilizados no tratamento de cancros e de várias outras doenças, como a doença de Crohn.

Tal alteração "poderá reduzir o tempo necessário para levar um medicamento ao mercado e diminuir os custos de investigação e desenvolvimento", insistiu Makary, que prometeu em abril limitar os testes em animais, na sequência de um esforço assumido pela administração liderada pelo republicano Donald Trump.

O seu anúncio foi amplamente bem recebido pelos grupos de defesa dos direitos dos animais.

Este é um "passo importante", frisou Zaher Nahle, da organização não-governamental (ONG) Center for a Humane Economy, à agência France-Presse (AFP), sublinhando que "resultados pelo menos equivalentes, ou até melhores, podem ser obtidos" em termos de previsão toxicológica "com outras abordagens".

Esta posição foi partilhada por Deborah Fuller, diretora do National Primate Research Center (Centro Nacional de Investigação em Primatas, em português) de Washington, um instituto que realiza experiências médicas com primatas.

Dispensar o uso de macacos neste contexto específico "parece-me perfeitamente razoável", destacou à AFP, embora tenha alertado para a necessidade de cautela.

"Se agirmos demasiado depressa, daremos um tiro no pé, porque quando se trata de tratamentos futuros e avanços biomédicos, ainda precisamos de animais", insistiu, referindo que os métodos alternativos não são atualmente suficientemente eficazes para substituir todos estes testes.

Diversos animais, principalmente ratos, mas também, em menor escala, macacos e cães, são utilizados em investigação, particularmente em neurociência e imunologia, ou para testar a eficácia e a segurança de vacinas e medicamentos.

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