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Espanha mobiliza 117 militares para controlar foco de peste suína africana

LUSA
01-12-2025 17:26h

As autoridades espanholas disseram hoje que a Peste Suína Africana (PSA) detetada em javalis na Catalunha pode ter tido origem numa sandes com um enchido deixada na zona e mobilizaram 117 militares para o parque natural de Collserola.

Os 117 elementos da Unidade Militar de Emergências (UME), com 25 veículos, juntaram-se a outras 300 efetivos da polícia regional da Catalunha (nordeste de Espanha), da Proteção Civil e Guardas Florestais, entre outras entidades, que estão no terreno em trabalhos de controlo, captura de animais e desinfeção.

Segundo o governo regional da Catalunha, a hipótese mais provável neste momento é que a PSA - que foi confirmada em javalis selvagens encontrados mortos no parque de Collserola - tenha chegado ao local "por estrada", num enchido contaminado, provavelmente dentro de uma sandes abandonada nas imediações.

"É muito cedo para saber qual é a origem do foco de peste suína africana. Ainda assim, a possibilidade de que o vírus venha do abandono de um enchido contaminado numa sandes é muito alta. O foco foi detetado numa zona onde circulam muitos camiões e onde há áreas de serviço. A possibilidade de que um javali tenha ingerido comida infetada é elevada", disse o conselheiro catalão (equivalente a ministro num governo nacional) da Agricultura, Òscar Ordeig, numa conferência de imprensa.

Òscar Ordeig sublinhou que a PSA não foi detetada em nenhuma das explorações agrícolas e de animais que existem na região.

Até agora, o vírus foi confirmado em dois javalis selvagens do parque natural, na sexta-feira passada, e há mais oito casos suspeitos que estão em análise, segundo as autoridades.

Os acessos a um perímetro de vários quilómetros do parque estão fechados desde sexta-feira e já foram analisados 40 animais.

O vírus da PSA não se transmite aos humanos, mesmo que comam carne infetada, mas pode ser transportado em rodas de carros, solas de calçado ou outros materiais e objetos e tem uma elevada taxa de mortalidade nos suínos e nos javalis.

Não havia registo de casos de PSA cana em Espanha desde 1994.

Òscar Ordeig afirmou hoje que dentro da União Europeia há mecanismos eficazes de vigilância para evitar que carne ou derivados contaminados com PSA cheguem ao mercado, mas não é assim fora do bloco europeu.

Técnicos do Ministério da Agricultura de Espanha e da Comissão Europeia estão a caminho da Catalunha para acompanhar os trabalhos de controlo e contenção do foco detetado, confirmou o executivo autonómico.

O ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, apelou hoje "à tranquilidade dos consumidores" e disse que está garantida a segurança alimentar da carne de porco e outros produtos.

Espanha é o maior produtor de carne de porco da União Europeia e o terceiro maior do mundo. Exporta anualmente 8.800 milhões de euros de carne de porco.

Por causa dos casos detetados na Catalunha em javalis selvagens, foram já suspensas importações por cerca de 40 países.

Um dos maiores destinos da carne de porco espanhola é a China, que reconheceu que o foco está localizado e limitou o bloqueio de importação à carne e produtos oriundos da província de Barcelona, a capital da Catalunha e a zona onde está localizado o parque de Collserola.

Na sexta-feira, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) de Portugal apelou ao reforço das medidas de segurança contra a PSA após ter sido detetada na Catalunha, nas imediações do campus da Universidade Autónoma de Barcelona.

A DGAV apelou ao cumprimento das medidas de segurança nas explorações, à limpeza e desinfeção dos veículos, bem como à adoção de boas práticas de caça.

Por outro lado, disse que devem ser eliminados corretamente os subprodutos e que a alimentação de porcos com lavaduras, restos de cozinha e de mesa é proibida.

A DGAV pediu também que não sejam deixados restos de comida acessíveis aos javalis.

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