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Hospitais privados europeus enfrentam crise de recursos humanos e aumento de custos

Lusa
19-11-2025 17:02h

A União Europeia de Hospitalização Privada (UEHP) alerta que a dificuldade em recrutar profissionais de saúde, agravada pelo aumento de custos e instabilidade regulatória, ameaça a qualidade dos serviços em vários países, incluindo Portugal.

“Por toda a Europa, a dificuldade de recrutamento de uma nova geração de profissionais de saúde está a colocar o sistema sob pressão. Em Itália e em Portugal, entre vários outros países, toda uma geração de profissionais vai reformar-se nos próximos dez anos, sem garantias de poderem ser substituídos”, alerta a UEHP no Factbook 2025 apresentado hoje no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Segundo o documento, a dificuldade de recrutamento de recursos humanos na área da saúde é apontada como um dos problemas que atinge a globalidade dos países europeus e que pode colocar em risco a qualidade dos serviços prestados.

O relatório assume a existência de problemas transversais aos prestadores privados de cuidados de saúde na Europa, com destaque para o aumento geral de custos, a falta de recursos humanos e a instabilidade regulatória no setor.

“Os hospitais na Europa estão em crise. Crise de financiamento, crise no recrutamento, dificuldades no cumprimento das suas responsabilidades, mantendo a elevada qualidade na prestação de serviços”, avisa o documento promovido pela UEHP, presidida pelo português Óscar Gaspar.

O Factbook 2025 alerta ainda para “o perigo real de deterioração dos serviços de saúde”, destacando como um dos elementos mais críticos, a pressão sobre os recursos humanos no setor por toda a Europa.

“O risco da degradação de serviços devido à falta de pessoal e às dificuldades de financiamento é, infelizmente, uma realidade. Todos os setores da saúde estão afetados”, afirma o documento.

A hospitalização privada representa, atualmente, 42% de todas as camas hospitalares da Europa, agregando a UEHP mais de 6.000 hospitais e clínicas privadas.

O setor da saúde — público e privado — é um dos maiores empregadores europeus, reunindo cerca de um milhão de médicos e 2,1 milhões de enfermeiros e técnicos de saúde.

Entre 2001 e 2019, o emprego no setor social e da saúde cresceu 24% nos países da OCDE, superando largamente o crescimento noutros setores da atividade económica europeia, contrastando com os 13% de acréscimo nos serviços, 6% na indústria e um decréscimo de 7% na agricultura.

Em relação ao panorama dos privados da Saúde em Portugal, o Factbook sublinha o crescimento do setor que representa já 33% da atividade hospitalar do país, reunindo 131 hospitais que, em 2023, foram responsáveis pela realização de mais de 9 milhões de consultas, 1,4 milhões de urgências e 257 mil cirurgias.

Entre os desafios que o setor privado da Saúde enfrenta, o documento destaca “a escassez dos profissionais de saúde, sobretudo médicos das várias especialidades hospitalares”, assim como “os investimentos significativos necessários para a transição digital e a cibersegurança”.

Este Factbook é, pela primeira vez, apresentado por um eurodeputado português, Sebastião Bugalho, e, também é o primeiro a ser elaborado na vigência de Óscar Gaspar como presidente da UEHP.

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