O candidato presidencial António José Seguro disse hoje ver “com satisfação” o apelo do chefe de Estado para um acordo político sobre saúde, considerando que tem que se passar “das palavras às ações” e “ontem já era tarde”.
“Vejo com satisfação que a prioridade das prioridades que eu defini e que será a prioridade do meu primeiro mandato, esteja neste momento a granjear o maior número de adesões e de contributos”, afirmou António José Seguro, em declarações à agência Lusa.
O candidato à Presidência da República reagia às declarações do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que na quinta-feira sugeriu um acordo político sobre o papel do Serviço Nacional de Saúde (SNS), do setor social e do setor privado na saúde, para que haja um quadro de médio prazo.
Seguro, que tem definido como prioridade na sua campanha a salvação do SNS sublinhou que está em causa “um assunto muito, muito sério” e que “pode faltar dinheiro para muitas coisas, mas para a saúde dos portugueses não”.
Na opinião do candidato presidencial e antigo secretário-geral do PS, este é um propósito que deve mobilizar “todos os atores políticos, da esquerda, da direita”, bem como o parlamento e o Governo.
“Nós temos que resolver este assunto de vez, temos que passar das palavras às ações, mas tem que ser rápido. Ontem já era tarde”, apelou.
Já sobre a morte de uma mulher grávida no hospital Amadora-Sintra, na quinta-feira, Seguro lamentou que o país seja surpreendido “com diferentes notícias de tragédias que ocorrem por falta de socorro ou por dificuldades de acesso a esse mesmo socorro”.
“Isso é uma coisa intolerável. Nós avançámos tanto no Serviço Nacional de Saúde e agora parece que estamos a recuar, e isso é algo que, como tenho dito, merece que seja a prioridade das prioridades”, sublinhou.
Questionado sobre a recusa da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em demitir-se do cargo, Seguro não quis comentar, afirmando que se trata de “matéria da vida partidária, da vida parlamentar, da vida dos comentadores”.
António José Seguro vai estar hoje em Paris, França, em contacto com a comunidade portuguesa naquele país, depois de o périplo de campanha ter passado por Zurique e Genève, na Suíça, na sexta-feira, com o mesmo objetivo.
Interrogado sobre se ouviu queixas de emigrantes portugueses sobre dificuldades no momento do voto, Seguro respondeu que tem sido “um assunto recorrente”.
O candidato apontou “a dualidade” entre as eleições legislativas e presidenciais, apontando que nas primeiras o voto no estrangeiro “pode ser feito sem que se tenha que deslocar presidencialmente, enquanto para as presidenciais o voto é presencial”.
“E, portanto, temos que encontrar aqui um critério que seja um critério eficiente e que não seja um obstáculo à participação dos portugueses que trabalham fora de Portugal”, considerou.
Para António José Seguro “é muito importante” ouvir os emigrantes portugueses porque estes cidadãos “têm problemas específicos, problemas próprios, mas também têm uma ambição muito grande”.
“De certo modo, onde está um português, está Portugal. E, portanto, nós não podemos ter os portugueses que trabalham fora de Portugal como portugueses à parte, mas tentar integrá-los num conjunto”, afirmou.
O candidato a Belém exemplificou que as gerações mais novas querem “uma economia mais competitiva” que permita o seu regresso ao país, permitindo “melhores salários, melhor progressão na carreira, melhor futuro”.
“Por outro lado, as gerações menos jovens, aquelas que emigraram nos anos 60 e 70, exigem um Estado que funcione, porque têm problemas e têm receios no seu regresso a Portugal, relacionados com dupla tributação, com o acesso à saúde, e isso preocupa-os muito”, alertou.