A associação Pulmonale anunciou hoje uma campanha que alerta para a urgência de implementar o rastreio do cancro do pulmão, visando reduzir a elevada mortalidade desta doença, responsável por cerca de 5.100 mortes anuais em Portugal.
A campanha “Se fuma até hoje, o rastreio devia ser para ontem!” decorrerá em novembro, Mês de sensibilização para o cancro do pulmão, e destina-se sobretudo a fumadores e ex-fumadores, com idades entre os 50 e os 75 anos, e a todas entidades públicas com responsabilidades na área da saúde.
“A campanha nasce da necessidade imperativa em implementar o rastreio do pulmão, seguindo o bom exemplo de outras áreas oncológicas”, afirma em comunicado a presidente da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale), Isabel Magalhães.
A presidente defende a necessidade de lutar para que o rastreio ao cancro do pulmão seja disponibilizado no país, incidindo na população elegível, fumadores e ex-fumadores”.
“O diagnóstico precoce é o método mais promissor para reduzir a mortalidade devido ao cancro do pulmão no nosso país, que é, das diversas patologias oncológicas, a mais mortal, entre os portugueses”, realça.
Isabel Magalhães congratula-se com o anúncio do Ministério da Saúde sobre os dois projetos-piloto previstos para arrancar no concelho de Cascais, numa iniciativa conjunta com a autarquia, e na ULS de Santo António, no Porto, mas assinala que não se conhece qualquer desenvolvimento da medida desde o seu anúncio público em junho.
“A promoção e prevenção da saúde, com todos os ganhos associados, têm de deixar de ser um tema de conversa, ou uma notícia de jornal, e passar a ser uma estratégia evidente do Serviço Nacional de Saúde”, defende, frisando que “a campanha quer precisamente afirmar a urgência na implementação do rastreio do cancro do pulmão no SNS”.
Em 2022, a Comissão Europeia recomendou aos seus Estados-Membros que iniciassem projetos-piloto de rastreio do cancro do pulmão associados a programas de cessação tabágica, tendo aprovado posteriormente a inclusão do rastreio nos planos de prevenção da doença oncológica, já implementado pela Croácia, Polónia e República Checa.
Também decorrem atualmente projetos-piloto em vários países entre os quais, Países Baixos, França, Irlanda e Hungria.
O teste considerado como mais eficaz para detetar o cancro do pulmão numa fase precoce é feito através de uma tomografia computadorizada torácica de baixa dose, com necessidade de articulação com o SNS para acesso ao tratamento de todos os achados no exame.
Quando diagnosticado em fase inicial, o cancro do pulmão apresenta taxas de sobrevivência substancialmente superiores às verificadas em estádios avançados, salienta a Pulmonale, sublinhando que o rastreio pode reduzir a mortalidade em pelo menos 20%.
“Sendo o tabagismo o principal fator de risco no cancro do pulmão, cuja causa é em mais de 80% atribuída ao tabaco, a Pulmonale acredita que é fundamental implementar o rastreio junto da população, bem como incentivar a adoção de estilos de vida saudável que podem levar ao abandono de hábitos tabágicos”, defende.
A campanha será divulgada através dos circuitos de comunicação de várias entidades, como autarquias (Coimbra, Oeiras, Vila Pouca de Aguiar, Póvoa do Varzim, Serpa, Penacova, Barcelos, Mesão Frio, Pampilhosa da Serra e Penacova), a Junta de Freguesia de Loures, o Estoril Praia, a Fertágus, o Metro de Lisboa e a NOS
Segundo o Global Cancer Observatory, o cancro do pulmão é o mais mortal no mundo, com mais de 1,8 milhões de mortes anuais.