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Presidente angolano destaca avanços na saúde e na educação em contraste com “pesada herança” colonial

Lusa
15-10-2025 13:11h

O Presidente angolano destacou hoje os ganhos alcançados em 50 anos de independência sobretudo nos setores da saúde e da educação, contrastando com a “pesada herança” do período colonial, quando Angola “contava apenas com 19 médicos”.

João Lourenço recordou, no discurso sobre o Estado da Nação que profere na Assembleia Nacional, que no início da independência, "a escassez de médicos era gritante – Angola contava apenas com 19 especialistas – e era evidente a falta de enfermeiros e técnicos”.

Angola dispunha de apenas 320 unidades sanitárias de diferentes níveis e categorias e a esperança média de vida situava-se nos 41 anos, disse o chefe de Estado, acrescentando que a mortalidade infantil era de 134 por mil nascidos vivos e a dos menores de cinco anos atingia 200 por mil nascidos vivos.

 No final do conflito armado, “cerca de 80% da rede sanitária estava degradada ou destruída”, mas, João Lourenço salientou que Angola conseguiu manter-se “evitando o colapso que muitos prognosticavam”.

 Sublinhou o papel da “cooperação estrangeira, com destaque para a União Soviética e Cuba”, que considerou “fundamental para assegurar a defesa da soberania, a formação de quadros de todos os ramos do saber e a assistência médica à população”.

Com a paz alcançada em abril de 2002, “foi possível investir mais na saúde”, realçou, acrescentando que “mesmo em momentos de maior pressão das finanças,” a saúde foi prioritária”.

João Lourenço referiu que, nos últimos sete anos, foram construídas, reabilitadas e apetrechadas novas unidades sanitárias, tendo o país atualmente 3.355 unidades de saúde e 44.222 camas.

O Presidente apontou ainda a “redução gradual” do número de pacientes enviados para o exterior, enquanto o número de juntas médicas para assistência interna passou de 13 em 2017 para 694 em 2024 e 587 durante o primeiro semestre deste ano.

João Lourenço adiantou que entre 2017 e 2024 foram admitidos 46.649 novos profissionais de saúde, “um aumento de 46,7% da força de trabalho no setor desde 2018” e está ainda “em curso a formação especializada de 38.000 profissionais de saúde até 2027”.

“Hoje o sistema nacional de saúde é inequivocamente mais forte”, afirmou, apontando que nesse período a mortalidade infantil caiu de 44 para 32 por mil nascidos vivos, a mortalidade dos menores de cinco anos de 68 para 52 por mil e a mortalidade materna de 239 para 170 por dez mil nascidos vivos.

Frisou ainda que o sistema respondeu positivamente à pandemia da covid-19 e às epidemias de malária, febre-amarela e surto de cólera que afetou o país em 2024, destacando as novas unidades da rede sanitária e a melhoria de indicadores como a esperança média de vida que subiu para 64 anos, “mais 23 anos do que no final do período colonial”.

Na educação, João Lourenço afirmou que o setor “merece total empenho por ser decisivo” e lembrou que Angola “herdou um sistema de ensino colonial limitado e desigual, que deixava a maioria da população sem acesso à educação formal”.

Em 1973, o sistema colonial absorvia apenas 608.607 alunos em todos os níveis e tinha 17.978 professores ao todo, enumerou.

“Compreende-se assim a pesada herança dos 500 anos de colonização: em 1975, 85% dos angolanos eram analfabetos. Mudar este quadro era uma obrigação”, declarou o chefe do executivo angolano.

Segundo o Presidente, a taxa de analfabetismo reduziu-se para 24% e o número de alunos cresceu exponencialmente, com 9,6 milhões de estudantes matriculados e 208.488 professores em 2025/2026.

“Os dados revelam bem a nossa preocupação com o capital humano”, assegurou, reconhecendo que “ainda há crianças sem escola e a estudar em condições desadequadas, com o número de escolas abaixo da procura face à pressão demográfica”.

O Presidente angolano informou que estão a ser investidos 199 milhões de euros para diminuir o défice de salas de aula só nas províncias de Luanda e Icolo e Bengo e anunciou a implementação, já neste ano letivo, do Programa Nacional de Alimentação Escolar para atender mais de cinco milhões de alunos.

João Lourenço retomou as comparações com o período colonial, no que respeita ao ensino superior, afirmando que em 1974 havia apenas 4.776 estudantes universitários, um número que “cresceu muito timidamente por força das limitações da guerra”, e que chega hoje aos 330 mil estudantes no ensino superior.

Angola, que contava na altura com uma única instituição, tem agora 106 universidades, distribuídas em 19 das 21 províncias, das quais 31 públicas, concluiu João Lourenço, afirmando que “estes números traduzem o empenho do Estado angolano em garantir o acesso à educação e ao conhecimento como pilares do desenvolvimento”.

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