Uma bactéria do intestino materno ajuda o bebé a crescer e diminui o risco de morte do feto durante a gravidez, segundo um estudo liderado por uma universidade espanhola, noticiado na quinta-feira pela agência EFE.
"Estas descobertas, para além de representarem uma potencial estratégia microbiana adaptativa para otimizar o crescimento fetal, oferecem importantes `insights´ (dados) sobre a regulação do crescimento fetal", refere o estudo publicado na revista científica Journal of Translational Medicine.
De acordo com a investigação, a distribuição da bactéria Bifidobacterium Breve pelo intestino traz benefícios para o feto, como um melhor crescimento, o aumento da glicemia (concentração de açúcar no sangue, uma das principais fontes de energia do corpo) e um menor risco de morte do bebé.
A investigação, liderada pela Universidade Autónoma de Madrid (UAM) revelou que a bactéria intestinal regula a função endócrina da placenta, ou seja, a capacidade da placenta produzir hormonas que sustentam a gravidez.
Através de experiências com ratos livres de germes, os investigadores descobriram que a distribuição da bactéria pelo intestino aumenta a produção de metabolitos como o lactato (que ajuda a obter energia quando há falta de glicose) e a taurina (que desempenha funções vitais no organismo).
A bactéria contribuí também para o transporte de nutrientes e para a produção de hormonas importantes na gravidez, como prolactina (fundamental para a produção de leite) e glicoproteínas (essencial para a comunicação entre células e resposta imunológica) específicas.
O estudo é "a primeira evidência de que a microbiota intestinal materna (conjunto de microrganismos, como bactérias) influencia a função hormonal da placenta", segundo a EFE.
As mulheres expostas a estas bactérias durante a gravidez apresentaram uma menor taxa de mortalidade embrionária, ou seja, o feto sobreviveu.
"Se conseguirmos compreender como as bactérias intestinais atuam para auxiliar a gravidez, as doenças em ascensão, como a diabetes gestacional, a pré-eclâmpsia (pressão arterial e eliminação de proteínas na urina) ou as perturbações do crescimento fetal, poderão ser tratadas de forma eficaz e segura, tanto para a mãe como para o feto", segundo o autor principal do estudo, Jorge López-Tello.
Na Europa, 14% das grávidas consomem probióticos (microrganismos que trazem benefícios para a saúde), de acordo com o estudo.