O curso de Medicina proposto pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) prevê formar 40 alunos por ano e aposta na humanização na prestação de cuidados de saúde e na prevenção da doença.
A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) realizou hoje uma visita à Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD), parceira da UTAD no mestrado integrado em Medicina que se quer criar em Vila Real.
Após a reunião com a entidade a quem cabe acreditar os novos cursos, Carla Amaral, membro da equipa reitoral responsável pelo processo, falou à agência Lusa sobre os objetivos do curso e o plano de estudos, salientando que se pretende incentivar a fixação de mais médicos na região, bem como encurtar distâncias para o litoral.
Esta é a terceira vez que a UTAD submete o processo à A3ES.
Depois de, por duas vezes ter sido rejeitado, Carla Amaral disse que o projeto da academia transmontana foi melhorado e reforçado.
O desenvolvimento do plano de estudos contou com a colaboração do consultor internacional Robert Armstrong e envolveu docentes da UTAD e médicos da ULSTMAD, que agrega os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego e 23 centros de saúde.
Esta parceria visa garantir que os alunos tenham contacto com os pacientes e as unidades de saúde logo desde o início do curso.
O projeto da UTAD propõe a admissão de 40 alunos por ano, um número máximo que se pretende manter ao longo dos seis anos do curso.
Carla Amaral disse que o plano de estudos se centra no desenvolvimento de competências técnicas e científicas dos futuros médicos, mas também das suas competências emocionais e na relação com o paciente.
A aposta passará por um ensino tutorial, em que o professor-tutor ensinará em grupos de oito alunos, qualquer que seja a unidade curricular.
A este respeito, a responsável exemplificou com uma unidade curricular que se pretende criar – Transição para a Prática Profissional – em que um aluno acompanhará um médico professor na sua prática clínica durante os seis anos.
O projeto centra atenções na humanização e na proximidade com o paciente, bem como nos cuidados de saúde primários e nos cuidados preventivos.
“Temos uma parte do curso focada na prestação de cuidados de saúde primários e depois na prevenção da doença”, especificou Carla Amaral, que enquadrou esta opção também nas características da população desta região, que é muito envelhecida.
O plano de estudos assenta o ensino em pequenos grupos, em casos clínicos e também na simulação envolvendo, por exemplo, os alunos do curso de Teatro e Artes Performativas, mas visa também a criação de um centro de simulação.
“Onde os nossos alunos terão, em praticamente todas as unidades curriculares, a oportunidade de desenvolver as suas competências em simuladores que permitam que eles repitam o procedimento sem ter o receio do erro”, concretizou.
Para a implementação deste mestrado integrado, foi também preparado um sistema de transportes dos estudantes, desde o primeiro ao sexto ano, que irá ligar a universidade e as diversas unidades de saúde da ULS.
A cidade de Vila Real possui transportes públicos e a UTAD e a Associação Académica têm viaturas que podem ser usadas nesta solução de mobilidade que, se o curso for aprovado, envolverá ainda câmaras municipais da região.
Atualmente a academia já transporta alunos do curso de veterinária quando estes têm necessidade de se deslocar.
O projeto inclui ainda um plano de formação pedagógica para os docentes envolvidos e serão criadas bolsas e também vagas, no âmbito de um protocolo com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, para os médicos envolvidos no curso de Medicina da UTAD que queiram fazer o doutoramento.
“O nosso objetivo é especializarmos a oferta aqui, encurtar distâncias e melhorar a prestação de cuidados de saúde na região”, concluiu Carla Amaral, que disse acreditar que, ao estudarem na região, muitos dos novos médicos poderão também optar por se fixar neste território.