SAÚDE QUE SE VÊ

Diplomas para negociar com sindicatos urgências regionais prontos ainda este mês - ministra

Lusa
08-10-2025 12:43h

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, revelou hoje que os diplomas para negociar com os sindicatos dos médicos e enfermeiros a matéria das urgências regionais estarão em cima da mesa na terceira semana de outubro.

“As urgências regionais, em primeiro lugar não são só para obstetrícia e ginecologia, vão ser também para outras especialidades (…)”, afirmou a governante, em declarações à margem do 3.º Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica, sublinhando que as urgências regionais são um imperativo por falta de recursos humanos.

Confrontada com os constantes constrangimentos nas urgências, sobretudo na obstetrícia, a ministra disse que seriam necessários “mais do dobro dos profissionais” – médicos e enfermeiros especialistas - a trabalhar em tempo completo no Serviço Nacional de Saúde para garantir as urgências, sublinhando que “essas pessoas não existem mesmo”.

“Mesmo que todos os obstetras que trabalham em Portugal, no setor público e privado - uma grande parte está no privado - de repente viessem para o setor público, o que não vai acontecer, como nós sabemos, (…) nós não conseguiríamos deixar de fazer urgências regionais”, afirmou.

Sobre o bebé que nasceu, no sábado, na receção da urgência do Hospital Santos Silva, na Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE), a ministra disse que uma situação como esta não pode deixar ninguém descansado, mas sublinhou que “o hospital tem os mecanismos que já foram acionados para fazer o reporte daquilo que aconteceu objetivamente”.

Lembrou igualmente que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) já abriu um processo.

“É óbvio que nós também não podemos passar o nosso tempo em inquéritos e processos. O que nós queremos é que o Serviço Nacional de Saúde funcione e funcione bem”, disse.

Ana Paula Martins escusou-se a fazer mais comentários sobre esta matéria, dizendo não conhecer a realidade toda. “Não sabemos em que situação é que a senhora chega à urgência, não sabemos como é que foi feita a triagem. Não sabemos exatamente, a verdade é esta”, concluiu.

Questionada sobre a demissão da diretora clínica do Hospital Doutor Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Ana Paula Martins disse que a profissional de saúde se afastou “por motivos de natureza pessoal”.

“Por vezes na nossa vida temos desafios, temos energia para enfrentar esses desafios - e no Amadora Sinta é preciso ter muita energia para enfrentar aqueles desafios diários -, mas há momentos também em que a nossa vida não nos permite continuar a assegurar essa missão. E, nessa altura, não é uma desistência, é um ato de coragem”, afirmou, sublinhando que a diretora clínica fez um trabalho “de muita dedicação”.

Sobre as criticas de que tem falta de autoridade política, feitas designadamente pelos partidos de esquerda, Ana Paula Martins respondeu: ”Nós estamos num período eleitoral e é natural. (…) Não devemos personalizar as críticas, mas a minha resposta é que não falta autoridade política à ministra para tomar as decisões que precisa tomar, não falta energia e não falta vontade”.

A propósito das declarações do Presidente da República, que disse estar a olhar atentamente para a área da saúde e que depois das eleições autárquicas se iria pronunciar sobre a matéria, a ministra escusou-se, mais uma vez, a comentar as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, dizendo apenas estar tranquila com esta avaliação.

“Estou muito tranquila com a avaliação que, naturalmente, aqueles que eu sirvo, que são os portugueses, fazem das políticas que estamos a implementar. E isso chama-se humildade democrática. Queria que ficasse muito claro que nós temos de estar disponíveis para as críticas, ter a humildade de as aceitar, de as interiorizar e de melhorar sempre a nossa ação”, afirmou Ana Paula Martins.

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