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RDCongo: Aumenta escassez de medicamentos essenciais devido ao conflito - Cruz Vermelha

Lusa
08-10-2025 15:59h

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou hoje que mais de 85% das estruturas de saúde no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) enfrentam aumentos de ruturas de stock de medicamentos essenciais devido à continuação do conflito.

De acordo com o estudo do CICV, que no início de setembro analisou 240 estruturas de saúde nas províncias do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, além de estarem a sofrer ruturas de medicamentos, quase 40% dessas unidades experienciam fugas de profissionais de saúde.

"Para efeitos de comparação, em abril, eram 71% de ruturas de stock", declarou hoje François Moreillon, chefe da delegação do CICV na RDCongo, durante a conferência de imprensa da Cruz Vermelha, em Kinshasa, onde os dados de setembro foram apresentados.

"Estas deteriorações são consequência da violência armada e do facto de muitas organizações humanitárias terem cessado as suas atividades por falta de financiamento", refere no documento.

Por outro lado, o CICV está cada vez mais alarmado pelo facto de a situação no terreno se deteriorar com o retomar da violência armada nas províncias do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, onde a Cruz Vermelha verificou, juntamente com os movimentos de população, um afluxo massivo de feridos.

Mais de 70% das estruturas de saúde das 240 avaliadas receberam feridos por armas desde janeiro, indica-se no relatório. Os centros médicos têm dificuldades em receber medicamentos, mesmo quando estes estão disponíveis, devido às dificuldades de passagem pela linha da frente.

O leste da RDCongo tem sido assolado por conflitos há trinta anos, mas a violência intensificou-se desde janeiro com a tomada das grandes cidades de Goma e de Bukavu pelo grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda.

Os confrontos entre o M23 e o exército congolês, apoiado por milícias locais, causaram milhares de mortos desde janeiro e milhões de deslocados.

A assinatura de um acordo de paz entre a RDCongo e o Ruanda, sob mediação americana em junho, não pôs fim à violência.

Combates violentos têm oposto nos últimos dias o M23 e as forças de Kinshasa na província do Kivu do Sul, onde o M23 tenta principalmente avançar em direção ao território de Shabunda, a sudoeste da capital provincial Bukavu, já sob o seu controlo, segundo fontes locais e de segurança.

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