As urgências hospitalares encerraram menos 481 dias nos primeiros oito meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2024, anunciou hoje a Direção Executiva do SNS, admitindo que esses serviços enfrentam uma “grande escassez” de profissionais.
“Desde o início do ano até ao mês de agosto, registou-se uma evolução positiva no funcionamento dos serviços de urgência, com uma redução global de 34% no número de dias de encerramento nas diferentes valências - adultos, pediatria e obstetrícia”, adiantou o organismo liderado por Álvaro Almeida à agência Lusa.
Segundo a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), a diminuição nos primeiros oito meses de 2025 corresponde, no total, a menos 481 dias de encerramentos face ao período homólogo.
Já nos meses de verão – de junho a agosto -, que a DE-SNS considera ser “tradicionalmente mais desafiantes devido ao acréscimo de procura e constrangimentos de recursos”, foi possível reduzir os dias de encerramentos em 41% em todas as valências, o que significa menos 285 dias de encerramento (-85% na urgência geral, -48% na pediatria e -35% na obstetrícia).
De acordo com a DE-SNS, no fim de semana de 15 de agosto, “mais complexo” devido a férias e ao feriado, foi “possível assegurar a abertura em 100% das urgências gerais, 98% da pediatria e 90% na obstetrícia".
“Apesar das melhorias, subsistem problemas que resultam de uma grande escassez de recursos humanos, especialmente nas especialidades de ginecologia/obstetrícia e também de pediatria”, reconheceu a direção executiva, ao salientar que esses “constrangimentos têm impacto direto no funcionamento” da rede de urgência, cujo modelo tem “revelado fragilidades ao longo dos anos”.
Entre janeiro e agosto, os serviços de obstetrícia que registaram um maior número de dias de encerramento foram as urgências das unidades locais de saúde (ULS) Arco Ribeirinho e de Almada/Seixal.
“No entanto, importa esclarecer que o modelo de rotatividade em vigor entre a ULS Arco Ribeirinho, ULS Arrábida e ULS Almada/Seixal permitiu garantir a resposta na região da Península de Setúbal”, referiu a DE-SNS.
Para a Península de Setúbal, a mais crítica por falta de profissionais de saúde para completarem as escalas, o Governo pretende criar, a curto prazo, uma urgência regional de obstetrícia, com o Hospital Garcia de Orta a funcionar em permanência e o de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e o INEM.
A possibilidade de encerramento da urgência obstétrica no Barreiro levou, recentemente, dezenas de utentes a contestaram a solução numa concentração frente ao hospital. Os autarcas da região também já se mostraram contra esta solução.