Portugal iniciou hoje a formação de pelo menos 252 médicos moçambicanos em matérias ligadas à prevenção, diagnóstico e tratamento da diabetes, avançou a organização não-governamental portuguesa Heath4Moz, que coordena a formação.
Em declarações à comunicação social, a coordenadora da Heath4Moz, Carla Rego, disse que esta formação abrange 160 médicos de Maputo, sul do país; 55 de Nampula, no norte; e 37 da província de Sofala, no centro de Moçambique, cuja capacitação teórica e prática compreende uma sessão diária em cada província.
“Foi-nos dito, quando estávamos a planear a formação, que sem dúvida nenhuma a diabetes é uma área importante em Moçambique em termos de formação. Daquilo que posso responder é que há três especialistas em diabetologia no país para quase 35 milhões de habitantes e que, sem dúvida, a diabetes é uma doença cada vez mais prevalecente em Moçambique”, disse a coordenadora da organização portuguesa Heath4Moz, em Maputo.
A formação de 252 médicos moçambicanos é orientada por três médicos portugueses, através de uma equipa formada pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo e pelo Departamento de Cooperação do Ministério da Saúde português, com a coordenação da Heath4Moz em Moçambique, cujo objetivo é capacitar médicos moçambicanos no diagnóstico da doença e uso de novas técnicas e ferramentas no tratamento.
“Basicamente, esta formação foi ao encontro de um pedido que nos foi feito pela Ordem dos Médicos [de Moçambique] que tem sensibilidade sobre o que se passa relativamente à necessidade de formação dos profissionais médicos no país”, disse Carla Rego.
O plano de formação compreende duas fases, sendo que a primeira que já decorreu através das plataformas digitais com sete sessões ‛online’ sobre sete temas ligados, sobretudo, à saúde e nutrição, tendo juntado cerca de 800 profissionais de saúde de Moçambique, capacitados por 12 médicos portugueses.
A Heath4Moz é uma organização portuguesa que coopera com Moçambique na área da saúde desde 2013, fornecendo capacitações em diversas áreas a profissionais de saúde moçambicanos, cooperando com a Ordem dos Médicos de Moçambique e com as unidades sanitárias do país.
Ainda sobre a formação, o bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique disse que estas capacitações visam melhorar a vida dos moçambicanos, munindo os profissionais de saúde com novas ferramentas e habilidades para melhor atender aos pacientes.
“Há muitos doentes que perdem os seus membros inferiores, há muitos doentes que perdem a sua visão e há muitos doentes que perdem seus rins e são obrigados a ter que fazer hemodiálise. O que nós sabemos é que os custos de ter que fazer amputação, não só em termos hospitalares, mas em termos individuais, qualidade de vida, os custos nas famílias (…) e do Governo são extremamente elevados”, disse o bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça.
Para este responsável, esta capacitação quer também ajudar o médico a saber educar o paciente e a tratar esta doença nas situações em que existem outras enfermidades.
“O propósito é alertar e dar conhecimentos aos médicos que a diabetes não é a doença que cega obrigatoriamente, se ela for bem abordada (...) não [se] amputa os membros, se for bem tratada, não é a doença que vai dar em falência renal. E é isso que precisamos de passar como mensagem e como é que podemos tratar o nosso paciente de tal forma que não fique cego, não perca os rins, não fique com amputação dos membros inferiores”, concluiu o bastonário.