O 1º transplante de córnea em Portugal foi realizado em 1958 pelo Hospital de Santo António, no Porto. Este procedimento é indicado quando existe uma lesão na córnea que impede a visão. Maria João Quadrado, médica Oftalmologista e professora na Universidade de Coimbra, revela que, em 2024, foram feitos 1180 transplantes, mas “ainda não somos autossuficientes”. Em 2023, importámos 325 córneas e em 2024, 329.
Maria João Quadrado é responsável pelo Banco de Olhos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que faz colheita, análise, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos oculares para transplantação.
A sala de cultura de córneas vai permitir processar os tecidos, como explica Maria João Quadrado.
Nesta sala, as córneas são cultivadas durante trinta dias, aumentando o prazo de tratamento e armazenamento. Neste momento, não se recolhem córneas de dadores com infeções gerais. No entanto, na sala de cultura, a córnea destes potenciais dadores poderá ser avaliada e só é descartada se estiver infectada, o que pode significar num aumento das doações. Maria João Quadrado acredita que no futuro poderemos ser autossuficientes e até exportar para a União Europeia.
Perante a atual situação de aumento de cidadãos estrangeiros a viver em Portugal, a professora deixa o apelo para que haja uma alteração na legislação. Segundo a lei atual, todos os portugueses são dadores, excepto se demonstrarem vontade contrária por escrito. No entanto, os estrangeiros residentes no nosso país não são abrangidos por esta lei.
Maria João Quadrado foi convidada do episódio desta semana de Efeito Placebo, um espaço de opinião do Canal S+ que pode ver todas as terças-feiras, às 21h.