Uma organização não-governamental (ONG) israelita de defesa dos direitos humanos denunciou hoje que um médico proeminente de Gaza foi vítima de maus-tratos numa prisão israelita, alertando para a degradação do seu estado de saúde.
A ONG Physicians for Humans Rights - Israel (PHRI) indicou que Hossam Abu Safiyeh, diretor do hospital Kamal Adwan, em Gaza, se encontra detido em “condições muito severas”, sem que tenha sido instaurado contra ele qualquer processo judicial.
Abu Safiyeh foi detido depois de soldados israelitas realizarem uma operação de busca ao seu hospital, em dezembro de 2024.
O Exército israelita afirmou posteriormente que ele era suspeito de ser membro do movimento islamita palestiniano Hamas, mas nenhuma acusação foi apresentada contra ele, segundo a PHRI.
A ONG precisou que um dos seus advogados o visitou hoje de manhã na prisão de Ofer, a norte de Jerusalém, na Cisjordânia ocupada, e constatou que o médico perdeu cerca de 25 quilos desde a detenção, devido a alimentação insuficiente.
A PHRI relatou também que ele foi vítima de violência durante revistas às celas e privado de tratamento contra a sarna, apesar dos repetidos pedidos.
Grupos de defesa dos direitos humanos têm repetidamente alertado para as difíceis condições de vida nas prisões israelitas, nomeadamente no que diz respeito às epidemias de sarna. Várias ONG recorreram ao Supremo Tribunal israelita no ano passado por causa desta questão.
A ONG indicou ainda que, desde março, Abu Safiyeh não foi presente a um juiz, não foi interrogado e não recebeu qualquer informação sobre os motivos da sua detenção.
Os serviços prisionais israelitas não responderam às tentativas de contacto da agência de notícias francesa AFP sobre este caso.
Na altura da sua detenção, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou para a libertação imediata do diretor do hospital.
Em agosto de 2025, a OMS declarou ter documentado 720 ataques ao sistema de saúde na Faixa de Gaza desde o início da guerra, a 07 de outubro de 2023.
A organização internacional afirmou também que pelo menos 1.580 trabalhadores do setor da saúde foram mortos e um número indeterminado foi detido por Israel.