SAÚDE QUE SE VÊ

Porto acolhe reunião científica internacional sobre Medicina do Viajante

LUSA
16-09-2025 12:49h

O crescimento das viagens internacionais e o aparecimento de novos tipos de viajantes, como os chamados “mochileiros” ou os “nómadas digitais”, são “desafios novos que exigem prevenção e comunicação”, disse hoje a Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante (SPMV).

À Lusa, na véspera do arranque da IX Reunião Científica da SPMV que vai decorrer no Porto de quarta a sexta-feira, Gabriela Saldanha falou de “mudanças globais que desafiam a sociedade, especialmente os viajantes e os profissionais de saúde, a encontrar respostas coletivas”.

“Há um surgimento de novos perfis de viajantes, sejam as mulheres que viajam sozinhas, os turistas de mochila ou mochileiros, e os nómadas digitais, e há cada vez há mais trabalhadores em mobilidade, crianças e pessoas idosas a viajar. Tudo isto traz necessidades específicas de prevenção, de aconselhamento médico e de informação que temos que trabalhar mais e difundir mais”, disse Gabriela Saldanha.

Dados remetidos à Lusa pela organização do evento apontam que, em 2024, o número de turistas internacionais atingiu 1,4 mil milhões, próximo dos níveis pré-pandemia. Em Portugal, só em 2023, registaram-se 3,2 milhões de viagens internacionais por residentes, um aumento de 21,5% face a 2022.

“Temos que trabalhar mais a prevenção e a literacia em saúde, comunicar, saber como comunicar o risco sem causar alarme, trabalhar a consciência, a responsabilidade individual e a responsabilidade coletiva. Temos de trabalhar para que tenhamos um mundo global mais seguro com menos ansiedade e menos desresponsabilização”, referiu a presidente da SPMV.

Com o lema “Medicina do Viajante: Novos Horizontes, Novos Desafios”, o encontro, que vai decorrer na Associação Nacional de Jovens Empresários, no Porto, inclui também o VII Workshop de Vacinas em Viajantes e o I International Forum – Atlantic Mediterranean, com representantes de sociedades científicas de vários países europeus e mediterrânicos.

Está previsto que a sessão de encerramento conte com a presença da Diretora-Geral da Saúde.

Ao longo de três dias, num evento que também celebra os 10 anos da SPMV, o objetivo é reunir especialistas nacionais e internacionais para discutir os maiores desafios da mobilidade global e da saúde dos viajantes, nomadamente a expansão do mosquito Aedes, transmissor de dengue, chikungunya e zika.

Em fevereiro, o vírus da dengue foi detetado no mosquito Aedes numa armadilha de monitorização localizada no Funchal.

Salvaguardando que o que foi detetado na Madeira foi o vetor e que a ameaça ainda não existe no Continente, Gabriela Saldanha insistiu no reforço da vigilância e na comunicação.

“Os cuidados primários estão atentos e estão em articulação também com os cuidados hospitalares. Estamos sempre em rede, sempre em vigilância, sempre em articulação a nível nacional e a nível internacional para prevenir todas estas potenciais ameaças”, disse.

A disponibilidade de novas vacinas e de testes que oferecem oportunidades adicionais de proteção será outro dos temas da reunião, assim como o turismo de cruzeiros, tema que terá sessões dedicadas ao risco de surtos respiratórios e gastrointestinais em ambiente marítimo.

“Existe toda uma forma de transmissão, num meio mais fechado, que tem que ser trabalhada e que tem que ser preparada com antecedência. Os cruzeiros são verdadeiras cidades flutuantes que exigem meios de prevenção, mas também de tratamento, e de isolamento sempre que necessário. Temos vindo a trabalhar com as autoridades de saúde marítimas e queremos envolver agentes turísticos e responsáveis das tripulações”, descreveu.

A questão das migrações internacionais também estará presente num debate que juntará sociedades científicas de Espanha, Itália e França na expectativa dos especialistas “se alinharem estrategicamente na promoção da saúde e cooperação internacional”.

Por fim, a organização destaca que o evento contará com comunicações científicas, sessões de debate e homenagens a profissionais de referência, bem como a atribuição do Prémio Científico SPMV 2025.

“Os viajantes podem sempre contactar a SPMV e consultar o nosso ‘site’ para tirar dúvidas. Podem também contactar a rede pública de centros de vacinação que existe em todo o país, a Direção-Geral da Saúde e o SNS24. O importante é que se informem sempre antes de viajar”, apelou Gabriela Saldanha.

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