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Ordem dos Médicos defende sistema de alerta para diagnósticos críticos no SNS

LUSA
09-09-2025 12:42h

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) defendeu hoje a necessidade de o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ter sistemas de alerta para diagnósticos críticos que permitam informar os doentes adequadamente da sua condição clínica.

“É absolutamente fundamental podermos utilizar em pleno os sistemas de informação e comunicação, que podem ajudar os médicos e outros profissionais de saúde, tendo em conta a enorme pressão que têm, a informar adequadamente os seus doentes”, disse Carlos Cortes à Lusa.

A reação do bastonário dos médicos surge após a Unidade Local de Saúde de Santo António (ULSSA), no Porto, ter levado sete meses a comunicar aos familiares de um idoso de 82 anos o diagnóstico de um tumor.

Esta situação, que decorreu entre novembro de 2023 e junho de 2024, foi divulgada hoje pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que concluiu que o hospital “não cumpriu a obrigação” de garantir a comunicação do resultado de exames ao utente.

Segundo Carlos Cortes, que já solicitou informações mais detalhadas sobre este caso, o relatório das deliberações da ERS revela uma “situação que a OM considera lamentável, que não deveria ter acontecido, que é o facto de um doente oncológico, com uma situação crítica, e a sua família só terem tido conhecido passados sete meses” do diagnóstico.

“Isso tem de nos remeter para a necessidade de o próprio SNS ter sistemas de alerta, de aviso, para diagnósticos críticos”, defendeu o bastonário, para quem há atualmente uma “grande pressão sobre os hospitais, os serviços, as cirurgias e as consultas”.

A ULSSA justificou este “lapso temporal” de sete meses entre a realização do diagnóstico e a sua comunicação à família com o facto de não se ter realizado a consulta externa agendada para 07 de dezembro de 2023, alegando que assim “não ocorreu oportunidade de comunicar o resultado da ressecção endoscópica da próstata que revelou adenocarcinoma primitivo do cólon com invasão da próstata”.

De acordo com a deliberação, a não comparência do utente na consulta externa deveu-se ao facto de o idoso estar novamente internado no serviço de urologia, salientando que “não foi efetuada qualquer outra diligência de comunicação ao utente e/ou aos seus familiares do resultado” do exame de diagnóstico.

Esta caso levou o regulador a emitir uma instrução à ULSSA para que, entre outros pontos, implemente os procedimentos para assegurar que os resultados de quaisquer exames complementares de diagnóstico sejam entregues e/ou comunicados aos utentes, da forma mais expedita possível, “sobretudo quando os referidos resultados implicarem urgência no recurso a cuidados de saúde”.

Na resposta à ERS, a ULSSA adiantou que se encontrava em fase de testes um sistema de alertas desenvolvido internamente pela Comissão Local de Informatização Clínica, de forma a garantir que os resultados críticos, no âmbito da atividade do Serviço de Anatomia Patológica, sejam atempadamente consultados pela equipa médica responsável pelo doente.

A ERS tomou conhecimento deste caso através de uma reclamação feita pela filha do utente com demência, que morreu em julho de 2024.

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