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OMS alerta para falhas na prevenção de doenças transmitidas por mosquitos em Cabo Verde

Lusa
04-09-2025 18:50h

Um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje para o risco de doenças transmitidas por mosquitos após a tempestade que provocou nove mortos em Cabo Verde, afirmando que a população ainda desconhece medidas essenciais de prevenção.

"Constatamos que, apesar dos esforços do Governo para combater doenças transmitidas por vetores, como o paludismo e a dengue, a população ainda desconhece todas as medidas necessárias. Ou seja, a comunicação não passou bem. Falta engajamento comunitário", afirmou o especialista Jude Bigoga, em São Vicente, ilha mais afetada pela tempestade de 11 de agosto, com nove mortos. 

O especialista sublinhou a necessidade de união entre todos para acompanhar o Ministério da Saúde na luta contra estas doenças.

"Se continuarmos a ter estas doenças transmitidas por mosquitos em São Vicente, tudo indica que a população aceitou conviver com eles, o que não deveria ser o caso", acrescentou.

Além disso, alertou ainda que é fundamental trabalhar em conjunto para que Cabo Verde não perca o certificado de país livre de paludismo, emitido pela OMS em 2024.

O especialista tem apoiado as autoridades sanitárias a formar agentes de luta anti-vectorial, profissionais de saúde e voluntários para enfrentar uma possível epidemia.

Desde agosto, Cabo Verde tem reforçado medidas de prevenção e controlo da malária, capacitando técnicos e melhorando o saneamento básico, como parte de um esforço contínuo para evitar surtos, após registo de 30 casos desde janeiro.

A presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) alertou para os riscos sanitários na ilha de São Vicente e pediu mais apoios externos e reforço da resposta após a tempestade.

A nova representante da OMS em Cabo Verde garantiu ajuda de urgência às ilhas afetadas, incluindo envio de medicamentos, antecipando o surgimento de doenças pós-tempestade.

Moradores de São Vicente admitiram à Lusa receio de contrair doenças devido à acumulação de lixo e água nas ruas.

As cheias inundaram bairros, destruíram estradas, pontes e estabelecimentos comerciais, afetaram o abastecimento de energia e provocaram nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas.

Na sequência, o Governo declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau, aprovando um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e atividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificado e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.

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