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WWF diz que desinformação climática aumenta em contexto de incerteza e é obstáculo à ação

LUSA
06-08-2025 08:00h

A técnica de clima e políticas da organização ambientalista WWF Portugal Alice Fonseca afirma que a desinformação climática aumenta em contextos de incerteza, tornando-se um obstáculo à ação climática.

Em entrevista à agência Lusa, a representante da organização ambientalista World Wide Fund for Nature (WWF) admite que a desinformação sobre o clima tende a aumentar em contextos de incerteza, crise e quando existem fenómenos climáticos extremos, "porque são situações em que as pessoas estão mais vulneráveis a informação que apela muito à emoção", tornando-as mais suscetíveis a acreditar em informação incorreta.

"Todas as ocorrências de grande dimensão causam um impacto grande na vida das pessoas, por isso não se consegue identificar de forma muito imediata quais são as causas da circulação de informação falsa", acrescentou a especialista.

Assim, "a desinformação climática é efetivamente um obstáculo à ação climática", garante a representante da WWF, referindo que este tipo de desinformação circula sobretudo em redes sociais com diferentes atores de propagação, como empresas ou influenciadores.

Um recente estudo do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH - Center for Countering Digital Hate, em inglês) revelou que as quatro principiais plataformas digitais (Facebook, Instagram, X e YouTube) usaram eventos climáticos extremos para amplificar desinformação e teorias da conspiração, de modo a obter lucro com a rápida proliferação de conteúdos.

Além disso, Alice Fonseca refere que a desinformação sobre clima "não passa só pelo negacionismo mais taxativo" mas "passa também por desacreditar as soluções, questionando a sua eficácia, justiça ou então propor soluções que na realidade não o são".

Para a especialista, uma das principais artérias da desinformação climática refere-se não à rejeição do facto que existem alterações climáticas, mas "à influência na forma como as pessoas percecionam as suas soluções".

Recentemente um Eurobarómetro revelou que cerca de 90% dos portugueses considera as alterações climáticas um problema grave, sendo que 91% defende que a luta contra este fenómeno deve ser uma prioridade.

Neste sentido, Alice Fonseca reconhece que "em Portugal não se tem assistido a campanhas de desinformação tão intensas quanto noutros países, mas isso não deixa de ser uma preocupação crescente e uma questão cada vez mais presente".

A representante da WWF concluiu dizendo ser necessário criar resiliência climática, de forma a proteger um conjunto de serviços que são essenciais para o bem-estar populacional.

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