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Sudão: Surto de cólera no Darfur deixa 130 mortos num mês

LUSA
05-08-2025 14:14h

Pelo menos 130 pessoas morreram de cólera no último mês na região do Darfur, no oeste do Sudão, entre os mais de quatro mil casos registados, enquanto a violência no país aumenta, informaram hoje fontes da saúde.

"O número de contágios de cólera na região superou os quatro mil casos, dos quais 130 perderam a vida em pouco mais de um mês", disse o responsável pela saúde da região, Babker Hamden, numa conferência de imprensa em Porto Sudão, capital provisória do país.

Hamden sublinhou que as epidemias estão a espalhar-se pelo país, especialmente no norte do Darfur, devido ao cerco das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) neste estado, o que bloqueia a chegada de medicamentos e ajuda às zonas de crise.

O responsável acusou as RSF de "assassinar e sequestrar médicos, e roubar aparelhos de diagnóstico", o que "agravou a situação sanitária apesar dos esforços que o ministério realiza para controlar" a doença.

O Ministério da Saúde sudanês reuniu-se hoje com o mecanismo de coordenação entre instituições nacionais de saúde e com vários parceiros internacionais para discutir formas de limitar a disseminação da cólera no Darfur.

Babker Hamden indicou que a Organização Mundial da Saúde (OMS), a UNICEF e os Médicos Sem Fronteiras (MSF) mostraram disponibilidade para intervir imediatamente, mas estão a "enfrentar obstáculos deliberados por parte das RSF, que impedem a chegada desses organismos às comunidades alvo".

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) comunicou, em meados de julho, a deteção de mais de 1.300 casos de cólera na área de Tawila, no Darfur do Norte, que abriga dezenas de milhares de pessoas que escaparam dos ataques contra o campo de deslocados de Zamzam, perto da cidade de Al-Fashir, capital do Darfur do Norte, em meados de abril passado.

A situação sanitária está a agravar-se no país, que vive em guerra desde 15 de abril de 2023, com dezenas de milhares de pessoas mortas e cerca de 13 milhões deslocadas, na que é considerada pela ONU como a pior crise humanitária do planeta.

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