O Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade sanitária moçambicana, retomou hoje o tratamento por radioterapia, após 15 meses de interrupção por avaria na única máquina do país, tentando apoiar 170 pacientes oncológicos que aguardavam atendimento.
“A nossa lista de espera neste momento é de cerca de 170 doentes e estamos agora a chamá-los para novamente beneficiarem do serviço”, disse o diretor do HCM, Mouzinho Saide.
Em causa está a retoma de serviço de tratamento por radioterapia interrompido em 2024, devido à avaria técnica do aparelho, cuja reparação e manutenção custou cerca de dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros), segundo estimativa do diretor do HCM.
Mouzinho Saide destacou a elevada taxa de mortalidade de doenças cancerígenas no país, acima de 23%, com os pacientes a dependerem de tratamentos como cirurgias, quimioterapia, monoterapia, organoterapia, além da tradicional radioterapia.
“Esta radioterapia é de facto uma das fases mais avançadas de tratamento para o cancro e que só é feita no Hospital Central de Maputo”, disse Mouzinho Saide, referindo que em Moçambique existe apenas um serviço de radioterapia e que a ausência durante 15 meses afetava os doentes, sobretudo os que não encontram alternativas para esse tratamento.
“A não existência deste serviço, de facto, traz complicações muito grandes para alguns doentes que possam necessitar deste tratamento e que não tiveram oportunidade de o ter, particularmente aqueles doentes em fases mais avançadas”, disse Mouzinho Saide.
O diretor do HCM referiu ainda esperar, com esta retoma, “aliviar o sofrimento” dos doentes e, apesar de questionado pelos jornalistas, não avançou o impacto e mortalidade associada à ausência prolongada do mesmo.
Também o presidente da Associação Médicos de Moçambique, Napoleão Viola, referiu que a retoma do serviço de radioterapia no HCM permitirá “reduzir bastante” a pressão nas contas do Estado, que tinha de enviar pacientes para outros países para tratamento.
“Este serviço, que é aberto agora, pode reduzir bastante este envio de pacientes para fora do país e, por consequência, podermos derivar estes recursos para outras necessidades que certamente o país tem”, disse Napoleão, acrescentando que “irá trazer bastante alívio” aos pacientes, mas também aos médicos e outros profissionais de saúde.