Cabo Verde anunciou hoje que vai lançar em setembro um concurso internacional para construção do Hospital Nacional de Cabo Verde (HNCV), orçado em cerca de 210 milhões de euros, com início das obras previsto para meados de 2026.
"Em setembro vamos avançar com o lançamento do concurso, em dezembro receber as propostas e, em meados de 2026, iniciar as obras", afirmou o ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, na cidade da Praia, à margem da apresentação do projeto para a construção do hospital.
O HNCV já tinha sido anunciado em 2021, com um orçamento inicial de 65 milhões de euros, mas sem que a obra tivesse sido lançada.
Segundo o governante, o adiamento resultou da necessidade de realizar estudos e identificar parceiros e fontes de financiamento.
"O hospital será construído de acordo com as possibilidades do país e com o objetivo de responder à procura. Só agora foi possível encontrar a estratégia adequada", explicou.
O estudo de viabilidade foi concluído entre 2023 e 2025 e o Governo está a preparar o caderno de encargos e as peças do procedimento do concurso.
A infraestrutura, que terá um orçamento de 246 milhões de dólares (210,96 milhões de euros) será edificada na zona de Achada Limpo, cidade da Praia, e ocupará uma área de 30 mil metros quadrados, com capacidade para 144 camas, incluindo serviços de medicina geral, oncologia, cardiologia, ortotraumatologia, neurocirurgia e cirurgia vascular.
O hospital será especializado no tratamento de casos de elevada complexidade clínica e tecnológica, com acesso através de referenciação médica. Estão também previstas consultas externas, hospital de dia e internamentos programados, assegurados por protocolos específicos.
A estrutura contará ainda com 30 gabinetes de ambulatório, 10 blocos operatórios e equipamentos modernos, como Tomografia Computadorizada (TAC), ressonância magnética, angiografia e aceleradores lineares.
Embora não substitua os dois hospitais centrais existentes – Agostinho Neto, na cidade da Praia, e Baptista de Sousa, na ilha de São Vicente – o novo hospital vai complementar a oferta de cuidados de saúde e reduzir a transferência médica para o exterior, nomeadamente para Portugal.
O modelo de financiamento será feito em regime de parceria público-privada, com contribuições do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Imobiliária, Fundiária e Habitat (IFH), bancos multilaterais de desenvolvimento, fundos de investimento e instituições internacionais.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, destacou que será o primeiro hospital construído de raiz no país desde a independência, com tecnologia de ponta e profissionais qualificados integrados no sistema nacional de saúde.
"Deverá ser também um espaço de inovação e acesso a tecnologias ao serviço da medicina avançada, incluindo inteligência artificial. O objetivo é criar um hospital de referência internacional, reduzir a transferência de doentes para o exterior e melhorar os cuidados prestados à população", afirmou.
O Governo pretende ainda posicionar Cabo Verde como um centro regional de cuidados de saúde especializados, voltado para cidadãos da África lusófona, da África Ocidental, da diáspora cabo-verdiana e turistas.