Pelo menos 60 em cada mil crianças menores de cinco anos morrem por ano devido a várias doenças em Moçambique, com as estatísticas mundiais a apontarem quase cinco milhões de mortos, avançou hoje o Instituto Nacional de Saúde (INS).
“Entre 1997 e 2023 a taxa de mortalidade infantil reduziu em Moçambique de 201 para 60, então, isso é histórico, nunca antes na história do país a chance de uma criança sobreviver além dos cinco anos melhorou tanto”, disse o diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS), Eduardo Samo Gudo.
Em conferência de imprensa para abordar o Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil – 2025, a decorrer de terça a quinta-feira na capital do país, o responsável vincou que “Moçambique alcançou progressos históricos nas últimas décadas”, mas referiu que há ainda muito a fazer para reduzir as mortes causadas por doenças evitáveis como malária, diarreias, pneumonia, sepse e fatores obstétricos.
“Não estamos satisfeitos com 60 mortes de crianças por mil nados vivos, o setor da saúde não está satisfeito e várias ações ainda estão a ser implementadas com vista a assegurar que Moçambique alcance a meta 3.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, que visa reduzir a mortalidade infantil no mundo, até 2030, para 25 menores mortos por mil nados vivos, disse Samo Gudo.
Segundo notou, para reduzir as mortes, o executivo moçambicano está a avançar com a revitalização do sistema nacional de saúde, incluindo a construção de unidades sanitárias, formação "acelerada" de especialistas em saúde maternoinfantil e reforço no diagnóstico das doenças da infância.
Mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros e vice-ministros da saúde de vários países do mundo, entre cientistas e académicos e organizações da sociedade civil, participam em Maputo do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil – 2025, com a abertura a ser feita pelo Chefe do Estado moçambicano, Daniel Chapo.
O encontro é organizado pelos Ministérios de Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo da Espanha em que colabora igualmente a Fundação “la Caixa”, a Fundação Bill and Melinda Gates e a Unicef.
O diretor-geral do INS avançou que o fórum vai discutir soluções científicas para que o mundo se possa reposicionar no aceleramento do combate à mortalidade infantil no mundo, incluindo a exigência a que se assuma um novo compromisso político nesta causa.
Nas declarações aos jornalistas, Samo Gudo assinalou também uma “redução histórica e sem precedentes” da mortalidade infantil nas últimas décadas no mundo, destacando que entre 1990 e 2023 o número de mortes de crianças menores de cinco anos reduziu de cerca de 12,8 milhões por ano para 4,8 milhões.
“Estamos a dizer que atualmente morrem por ano aproximadamente cinco milhões de crianças por ano, temos que celebrar esta redução histórica (…) Estamos a falar de uma redução de cerca de 60% do número de crianças que morrem antes de alcançar cinco anos de vida. Este feito é histórico e não há precedentes na história da humanidade. Nunca antes tantas crianças conseguiram sobreviver até cinco anos de idade a nível global”, disse, apontando que no período em referência foram evitadas as mortes de pelo menos 160 milhões de crianças.
Não obstante os avanços indicados, organizações de saúde mundiais registaram um abrandamento, desde 2015, do ritmo de redução da mortalidade na faixa etária em referência, assinalando o risco de pelo menos 60 países africanos não alcançarem a meta dos ODS, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde avançadas na conferência de imprensa.
“A estatística indica que, por ano, a taxa de mortalidade em menores de cinco anos por ano está em 37 mortos por mil nados vivos. O continente africano carrega o maior fardo da mortalidade em crianças menores de cinco anos. A média africana é de cerca de 67 mortes por mil nados vivos em crianças”, referenciou Samo Gudo.